Governo doou aparelho que ainda pertence a associação de Goiás para HC

Máquina viria de hospital de Goiás, que afirmou ter havido só conversa ‘informal’

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Máquina viria de hospital de Goiás, que afirmou ter havido só conversa ‘informal’

A Associação de Combate ao Câncer de Goiás, que mantém o Hospital Araújo Jorge, em Goiânia (GO), distante 865 quilômetros de Campo Grande, é a responsável pela doação do acelerador linear a ser entregue ao Hospital de Câncer Doutor Alfredo Abrão, entidade filantrópica localizada na Capital, segundo anunciado na última quinta-feira (7), pelo ministro da Saúde, Marcelo Castro, durante visita às obras do hospital do Trauma, com a presença do governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Essa é a informação dada pelo Ministério da Saúde mas, para a entidade goiana, não há nada formalizado e apenas uma conversa ‘informal’ sobre o assunto.

A informação de que o aparelho virá do hospital de Goiás foi repassada pela assessoria de comunicação do Ministério da Saúde, ao ser questionada pela equipe de reportagem do Jornal Midiamax, sobre a origem do aparelho. Conforme a explicação, o hospital goiano recebeu dois equipamentos e doou um deles para o Estado de Mato Grosso do Sul, que por sua vez, destinará o aparelho ao HC.

A equipe de reportagem do Jornal Midiamax fez contato com a ACCG e a informação é de que chegou a haver um início de conversa, prevendo a doação como contrapartida a investimento do Ministério da Saúde, mas nada ficou definido de fato.

Em Campo Grande, a doação provoca polêmica. A medida foi questionada, por exemplo, pelo vereador Alex do PT, que prometeu entrar com representação junto ao MPF (Ministério Público Federal) para que o fato seja investigado.

O parlamentar quer explicações sobre o motivo pelo qual o aparelho foi doado ao HC e não ao HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), ou HU (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian), que são de competência do governo Federal.

“A vinda do aparelho é uma luta antiga e foi durante muito tempo alvo de disputas entre os que defendiam os órgãos públicos e aqueles que defendiam sua privatização, sendo que os próprios agentes públicos, na gestão do ex-governador André Puccinelli, agiam para favorecer o setor privado. Passados três anos do estouro do escândalo da Máfia do Câncer, o Estado não se preparou adequadamente para receber equipamentos? Por que esse equipamento não está sendo direcionado para os órgãos públicos de saúde? Se o Estado não se prepara de maneira adequada e não existe disposição para equipar órgãos públicos de saúde, isso caracteriza prevaricação. Essas questões devem ser definidas, além disso, o equipamento em uma instituição particular será realmente utilizado apenas para pacientes do SUS?”, pergunta.

A assessoria de comunicação do Ministério da Saúde afirma que a doação foi feita de forma legal e que não há impedimento para o ato, considerando que o HC atende ao SUS (Sistema Único de Saúde).

Outros hospitais

A assessoria de comunicação da SES (Secretaria de Estado de Saúde) destaca ainda que o Hospital Regional e o Hospital Universitário fazem parte de um projeto de ampliação do tratamento de oncologia do Ministério da Saúde e que ambos serão contemplados com um acelerador linear cada. No entanto, ainda não há previsão para que os aparelhos sejam encaminhados para os hospitais, pois, é necessário que haja retorno do Ministério da Saúde sobre a análise do projeto estruturais para receber o aparelho.

O diretor do Hospital do Câncer, Carlos Coimbra, admite que o hospital ainda não está apto para receber o aparelho e que é necessário fazer adequações no bunker (uma espécie de sala especial para receber o equipamento) para que o acelerador seja entregue.

Segundo o diretor administrativo e financeiro do HC, Cláudio Machado, depois de realizadas as adequações, as mudanças precisam da aprovação do Cenen (Comissão Nacional de Energia Nuclear) para que o aparelho seja entregue. As alterações devem ser concluídas em aproximadamente seis meses. Quanto à forma de doação, Machado destaca que o termo ainda deve ser assinado pelo Hospital de Goiânia. “São questões burocráticas. O compromisso já foi feito pelo ministro”, garante.

A equipe de reportagem do Jornal Midiamax tentou falar com o secretário de Estado de Saúde, Nelson Tavares, no entanto, as ligações não foram atendidas e até o fechamento deste texto, não houve retorno.

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