Asfaltar ‘resto’ de Campo Grande que enfrenta lama e poeira custaria R$ 1,2 bilhão

Capital tem 1,5 mil quilômetros sem asfalto e maior parte fica na periferia

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Capital tem 1,5 mil quilômetros sem asfalto e maior parte fica na periferia

Os critérios para asfaltar uma rua em vez da outra nem sempre são claros. Com isso, Campo Grande tem pelo menos metade dos bairros com vias não pavimentadas. Atualmente, 1,5 mil quilômetros de ruas na capital sul-mato-grossense nunca receberam pavimentação ou drenagem. Esse número representa 40% da extensão total da cidade. E, para dar conta de asfaltar tudo, seria necessário desembolsar em torno de R$ 1,2 bilhão.

De 126 bairros verificados pelo Jornal Midiamax, 56 não estão totalmente asfaltados. A cidade tem 387 áreas residenciais – incluindo o centro -, divididos por 74 bairros, 7 regiões e 2 distritos. A extensão total de ruas da cidade somam 3,8 mil quilômetros.

Das ruas completamente asfaltadas, a cidade tem em torno de 2,3 mil quilômetros, que passam pelos bairros nobres, área central e conjuntos residenciais mais antigos. Nos novos empreendimentos, principalmente os construídos a partir do Minha Casa, Minha Vida, por falta de regulamentação, são poucos os que foram construídos em áreas pavimentadas.

Enquanto os buracos chamavam a atenção, o problema nas ruas que se quer tem pavimentação parece estar longe de chegar ao fim. Com o governo em crise e a contenção de gastos, pode ser ainda mais difícil que os recursos cheguem à Capital.  

O governo federal tem previsão de executar dois projetos em Campo Grande, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A pavimentação e qualificação Lagoa/Anhanduí e do Complexo Imbirussu/Segredo, com investimento estimado em R$ R$ 311,7 milhões. Se o projeto que está no papel desde 2014 vingar, mais 400 quilômetros podem ser asfaltados.

Um engenheiro civil ouvido pela equipe de reportagem, explicou que um quilômetro de asfalto custa entre R$ 700 mil a R$ 800 mil, incluindo drenagem e calçada, conforme determinação do Ministério das Cidades, para evitar que novos empreendimentos sejam construídos sem estrutura para os moradores. Dessa forma, seriam necessários R$ 1,2 bilhões para asfaltar as ruas de chão da Capital.

Realidade – Na maioria dos bairros sem em que o asfalto não chegou em todas as ruas que a renda das famílias não superam os R$ 2 mil. É o caso do jardim Caiobá, Noroeste e Los Angeles. Cada família sobrevive com menos de dois salários mínimos.

Para moradores, o desleixo com a periferia é porque “ela fica escondida, ela não existe para quem passa pela Afonso Pena”, comentou a diarista Agnes de Souza, de 29 anos, moradora do Jardim Batistão.

A reclamação do asfalto para as donas de casa costuma ser a mesma: “A gente tem a impressão que vive na sujeira”. “Quando não é poeira, é barro”, completou a cabeleireira Clemilda Nascimento, 43 anos, que há um ano mora no Itamaracá.

Para amenizar a situação e disfarçar o chão batido, a solução antiga é o uso do cascalho, enquanto a antiga promessa de asfalto não é concretizada. “Esperança sempre tem, mas a gente já nem fica na expectativa”, lamentou a moradora do Jardim Noroeste, Maria do Carmo, de 60 anos.

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