Com mais de 12 suicídios registrados por mês, é preciso discutir o tema em MS
O Estado aparece em 4º no ranking brasileiro
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O Estado aparece em 4º no ranking brasileiro
Todas as vezes em que um suicídio se torna público, vem à tona a necessidade de se prevenir os casos. Por um ou dois dias, os jornais e revistas falam sobre o assunto, mas logo a “poeira abaixa” e o assunto sai de cena. No entanto, os casos, estes não cessam. São milhares de registros diários em todo o Brasil e boa parte deles em Mato Grosso do Sul.
Em 2015, foram registrados 109 suicídios no Estado. Mais de 12 por mês e 6 a cada 15 dias. Mas o número pode ser muito maior. Se levado em consideração os dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) – estima-se que para cada caso de suicídio registrado, cinco não foram relatados. E para cada tentativa, outras dez ocorreram – são mais de 500 casos de suícídio e milhares de tentativas.
No primeiro semestre do ano, três casos seguidos chocaram a Capital. No dia 12 de abril, um advogado de 27 anos se jogou do 27º andar de um hotel de luxo em Campo Grande. No dia 13 do mesmo mês, uma estudante de 28 anos, caiu do 3° andar do prédio da universidade em que cursava matemática Dias depois, um homem de 46 anos tomou altas doses de remédios para dormir e também provocou a própria morte. Nos três casos, há indícios de depressão.
Segundo levantamento da Associação de Cabos e Soldados da PM e Bombeiros, três casos de policiais que tiraram a própria vida foram registrados somente neste ano. No último mês, em Porto Murtinho, um delegado aposentado de 61 anos foi encontrado morto embaixo de uma ponte. Por conta de uma “carta de alívio” escrita por ele, acredita-se que tenha cometido suicídio. Ele também sofria de depressão.
Aliás, a depressão e outros transtornos mentais são tidos como importantes fatores desencadeadores do suicídio. Apesar de números tão alarmantes, o assunto ainda é tratado como tabu. Evita-se o assunto, o que só colabora para seu aumento. Segundo Carlos Correia, voluntário do CVV, entidade que atua gratuitamente na prevenção do suicídio há 53 anos, as pessoas que tentam suicídio pedem ajuda, mas, normalmente, não são compreendidas. “Deixar de falar sobre o assunto só colabora para esse distanciamento social”, comenta. “O assunto suicídio deveria fazer parte, de forma muito natural, da roda de amigos, nas escolas, casas religiosas e dentro das casas”, complementa.
Para tentar destruir o tabu que cerca o assunto, foi criada a campanha “Setembro Amarelo”. Com ela, o objetivo é chamar atenção para o tema e, mais que isso, colocá-lo em discussão e conscientizar a população de que existe prevenção em mais de 90% dos casos. Quando a rede de prevenção não funciona, os casos passam e poucos entram nos registros.
Diante desse trágico cenário, Mato Grosso do Sul é destaque. Há anos figuramos no topo da lista de Estados com o maior índice de suicídios do Brasil. Hoje, aparece em quarto lugar no ranking de mortes por suicídios, conforme dados do “Mapa da Violência”, divulgado em 2014.
Estrutura
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde Pública, Campo Grande tem seis CAPs (Centros de Atenção Psicossocial). Destes, apenas três oferecem atendimento 24 horas. Os espaços contam com profissionais multidisciplinares para o atendimento aos pacientes, que não precisam passar por triagem. No entanto, a estrutura é pequena, de acordo com especialistas, e o número deveria ser muito maior.
Há também, várias instituições e projetos de apoio e prevenção. Um deles é o Projeto Labirinto que discute com crianças e adolescentes as causas e forma de prevenção do suicídio. Qualquer escola ou empresa pode agendar uma visita do grupo de instrutores.
Além disso, o grupo de pesquisa em Bioética do HU oferece o Primeiro Curso de Prevenção do Suicídio do Brasil. Serão 50 vagas para interessados em participar das 200 horas do curso que é gratuito.
Apoio também pode ser encontrado com o Grupo Amor e Vida. Há doze anos eles realizam trabalho de profunda escuta e relação de ajuda à sociedade Brasileira com trabalho humanitário da busca do equilíbrio emocional e prevenção da autodestruição. Interessados podem ligar no número 141.
Aos familiares enlutados, o Gaepe (Grupo de Apoio Espiritual às Pessoas Enlutadas) oferece assistência. Por lá, o atendimento é feito no sentido de acolher e ouvir as famílias por meio de rodas de conversas e bate-papos. As ações do “Setembro Amarelo” serão realizadas em todas as cidades brasileiras e em Campo Grande, a ideia é oferecer informações em praças e terminais de ônibus.
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