Caminhoneiros reclamam de serem usados ‘como armazém’ por multinacional
80 caminhões estão parados no pátio da empresa
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80 caminhões estão parados no pátio da empresa
Aproximadamente 80 caminhões, carregados com soja, estão parados no pátio da empresa ADM Brazil, no núcleo industrial de Campo Grande. Os caminhoneiros reclamam que não conseguem descarregar o grão, dizem que são “usados como armazém” pela empresa e que não estão recebendo o valor de indenização pela espera. Alguns estão parados desde o dia 1º e para piorar, o local possui condições mínimas de higiene.
Conforme os caminhoneiros, pela Lei 11.442, de 2007, após cinco horas de espera para carga ou descarga, o transportador tem direito a uma remuneração de R$ 1,38 por tonelada/hora ou fração. Um dos trabalhadores, que preferiu não se identificar, tem uma carga de 32 toneladas de soja, a cada dia que fica no local sem descarregar, ele deveria receber R$ 1.026,00, mas até o momento, não recebeu indenização nenhuma.
“A ADM não dá estrutura nenhuma para o motorista. Não tem uma sombra, há poucos sanitários, o bebebouro está interditado. Só tem um chuveiro para quase cem pessoas. Quem quer tomar banho, tem de pagar fora”, diz um dos trabalhadores. “E para mulher é pior ainda com esses banheiros. O melhor banheiro está lá na sede, mas fica a mais de 1.500 metros daqui”, comenta outro motorista.
Conforme os caminhoneiros, a média era de 24 horas para descarregar, mas a empresa estaria em manutenção e por isso, a demora. “Está nos fazendo de armazém e não quer nos ressarcir. Se eles tivessem colocando a carga no armazém e demorasse para retirar iam pagar multa, mas para gente, não pagam nada. Ficamos aqui, só gastando”.
Mesmo para quem já descarregou, a demora continua, um dos trabalhadores diz que ficou dois dias para descarregar a soja e agora, aguarda para carregar o caminhão com farelo, porém está no local desde ontem e ainda não tem previsão para pegar a carga.
Os caminhoneiros acionaram a Associação Comercial dos Transportes Terrestres de Cargas do Brasil para representá-los na negociação. De acordo com o representante da associação Rodrigo da Silva Macedo, foi feito contato com o gerente de transportes da ADM Brasil e eles estão aguardando ele repassar o posicionamento da empresa quanto o pagamento do valor aos motoristas. Porém, a primeira informação, é de que a empresa estaria disposta a pagar menos do que determina a lei.
Também foi passada à empresa, as queixas dos motoristas com relação a infraestrutura do local em que eles estão. “Vamos aguardar mais uma ou duas horas e ver o que a empresa vai definir. Se não for pago, vamos acionar o MPT (Ministério Público do Trabalho)”, diz o representante.
O Jornal Midiamax entrou em contato com a empresa e foi informado que apenas os responsáveis em São Paulo poderiam se manifestar. Não foi fornecido o número para entrar em contato com eles. Apenas foi dito que a sede da empresa entraria em contato para uma posição sobre os motoristas.
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