Bancada ruralista diz que governo Lula arrancou a ponte com o agro ao prestigiar evento do MST
Em feira do MST, Paulo Teixeira elogia produção sem agrotóxico
Agência Estado –
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A presença do vice-presidente Geraldo Alckmin e de ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na feira nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) incomodou integrantes da bancada ruralista no Congresso. O Planalto tenta melhorar o diálogo com o grupo.
Na próxima terça-feira, 16, Alckmin estará em um almoço promovido pela bancada em Brasília – mas, ao prestigiar o evento do MST, no momento em que invasões de terras voltam a ocorrer no País, alargou ainda mais esse distanciamento.
O segundo vice-presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA) na Câmara, deputado Evair de Melo (PP-ES), já fala em rompimento. “O governo arrancou a ponte com o agro e não tem mais diálogo”, afirmou. “É a fotografia que nós precisávamos para poder provar o envolvimento do governo com o MST nessas invasões de terra”, complementou, sobre a foto de Alckmin ao lado do coordenador do MST, João Pedro Stédile, durante o evento Somente durante o chamado ‘Abril Vermelho’, o movimento invadiu ao menos 13 fazendas.
Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, e outros membros do primeiro escalão do governo viraram estrelas do evento, no Parque da Água Branca, região oeste de São Paulo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se tornou garoto propaganda de um pacote de fubá, um dia após o secretário executivo da pasta e indicado de Lula para o Banco Central, Gabriel Galípolo, visitar o local. Também já passaram pela feira os ministros Luiz Marinho (Trabalho) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).
O aceno do governo ocorre no momento em que o Congresso está prestes a instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as invasões do MST. Integrantes da oposição, incluindo parlamentares que fazem parte da cúpula da bancada ruralista, prometem apontar responsabilidade do governo nos atos ilegais.
“O governo dá sinais absolutamente contraditórios e tem vivido uma certa esquizofrenia com o agro. Dá uma no cravo e outra na ferradura, mas vai ter que se definir”, disse o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), vice-presidente da frente da agropecuária na Câmara.
A bancada do agronegócio acumula uma série de desentendimentos com o governo, após invasões promovidas pelo MST no campo, críticas à Agrishow, a maior feira do setor no País, e discursos do próprio presidente. Na última quinta-feira, 11, Lula fez menção à Agrishow e disse que “alguns fascistas de São Paulo” não quiseram a presença do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, no evento.
Ruralistas também não gostaram da presença de Stédile na comitiva de Lula na China e de o movimento integrar o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o Conselhão.
Numa tentativa de atenuar a crise, Carlos Fávaro, que disse ter sido “desconvidado” da Agrishow, se reuniu com os parlamentares da bancada ruralista na semana passada e prometeu um aporte de R$ 200 milhões do Orçamento da União para reforçar o Plano Safra, principal linha de financiamento do setor, ainda neste ano e diminuir o impacto da taxa de juros no programa.
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