Covid-19: Brasil tem mais mortes por dia que Itália desde o primeiro dia
O Brasil observou mais mortes de coronavírus por dia que a Itália, desde que o registro do primeiro óbito foi feito no país, de acordo com um levantamento feito pela BBC Brasil, com base em dados da plataforma WorldoMeter. Segundo a reportagem, até o domingo (29), o Brasil registrava 136 mortes (98 apenas no Estado […]
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O Brasil observou mais mortes de coronavírus por dia que a Itália, desde que o registro do primeiro óbito foi feito no país, de acordo com um levantamento feito pela BBC Brasil, com base em dados da plataforma WorldoMeter.
Segundo a reportagem, até o domingo (29), o Brasil registrava 136 mortes (98 apenas no Estado de São Paulo) relacionadas a covid-19, a doença causada pelo novo vírus. A primeira morte no país foi registrada em 17 de março, em São Paulo.
Nesse mesmo intervalo de tempo (13 dias), a Itália contabilizou 107 mortes, ou oito por dia, desde seu primeiro óbito (21 de fevereiro).
Desde a confirmação do primeiro caso de coronavírus até o último domingo (29 de março), o Brasil registrou 136 mortes. Já a Itália, cerca de 10,8 mil.
A BBC lembra, no entanto, que a comparação de dados, embora traga alertas importantes, não é necessariamente indicativo de que o Brasil terá a mesma trajetória epidêmica que outros países.
Isso porque diversas variáveis podem influenciar nessa trajetória, como estado de saúde dos doentes, tamanho da população idosa, resposta dos governos e capacidade do sistema de saúde em atender os pacientes, por exemplo.
Vale lembrar que quando o coronavírus chegou à Itália, não se dispunha das informações que temos hoje sobre a doença, e a quarentena foi evitada em grandes cidades do país para evitar seus impactos econômicos. Essa retórica também foi adotada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que vem contrariando recomendações de órgãos de saúde nacionais e internacionais, e se engajou em uma campanha de que “o Brasil não pode parar”.
Bolsonaro defende que, apesar das mortes, a quarentena deve se limitar a idosos, uma vez que o isolamento total pode prejudicar a economia brasileira. A ideia de um isolamento seletivo, no entanto, é rejeitada por vários especialistas de saúde, incluindo o próprio ministro da Saúde de Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS).
Na semana passada, o prefeito de Milão, Giuseppe Sala, admitiu que “errou” ao pedir à cidade que não parasse diante da pandemia do novo coronavírus. “No dia 27 de fevereiro, circulava nas redes o vídeo #Milãonãopara. Naquele momento, ninguém tinha compreendido a gravidade do vírus”, afirmou Sala, em entrevista à rede de TV RAI. “Aceito as críticas, mas não tolero que usem isso para interesses políticos.”
No Brasil, a campanha antiquarentena de Bolsonaro foi suspensa pela Justiça do Rio de Janeiro, uma vez que o presidente pretendia utilizar recursos públicos para realizá-la. O comportamento de Bolsonaro ainda levou a criação de uma aliança entre líderes da esquerda para pedir sua renúncia. O manifesto assinado por figuras como Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSOL) foi repercutido por grandes jornais internacionais, como o The Guardian, do Reino Unido; o Deutsche Welle, da alemanha; e o Clarín, da Argentina.
Ainda na contramão do que defende Bolsonaro, o governador de São Paulo – o Estado mais afetado pela pandemia no Brasil, João Dória (PSDB) lançou uma campanha de que os paulistas devem permanecer em suas casas.
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