Opositores políticos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) assinaram um manifesto nessa segunda-feira (31) pedindo a renúncia do presidente por sua campanha contra o isolamento de brasileiros economicamente ativos, em meio à pandemia de coronavírus. A notícia virou destaque no site do jornal britânico The Guardian e também foi repercutida pelo Clarín, da Argentina, e pelo Deutsche Welle, da Alemanha.

Ex-candidatos à presidência que disputaram as eleições de 2018 com Bolsonaro, como (PT), Guilherme Boulos (PSOL) e Ciro Gomes (PDT) justificaram o pedido de renúncia afirmando que Bolsonaro atenta contra a saúde pública quando pede a suspensão da quarentena e minimiza os impactos de saúde que o novo coronavírus pode causar.

Em pronunciamento transmitido na semana passada, o presidente pediu a reabertura de escolas e do comércio e defendeu o isolamento apenas de idosos, contrariando recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do próprio . Antes disso, Bolsonaro ainda estimulou manifestações nas ruas enquanto se suspeitava que ele tinha contraído o covid-19, dias depois de voltar de uma viagem aos Estados Unidos. Vários membros de sua comitiva testaram positivo para coronavírus na ocasião.

“[Bolsonaro] comete crimes, frauda informações, mente e incentiva o caos, aproveitando-se do desespero da população mais vulnerável. Precisamos de união e entendimento para enfrentar a pandemia, não de um presidente que contraria as autoridades de Saúde Pública e submete a vida de todos aos seus interesses políticos autoritários. Basta!”, diz o documento, que é assinado por nomes de diversos partidos e espectros da oposição. O único governador ativo a assinar a lista foi Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão.

O Guardian repercutiu o manifesto na home de seu portal de notícias, afirmando que Bolsonaro enfureceu grandes parcelas da população brasileira ao minimizar os perigos da nova pandemia. O jornal lembra que Bolsonaro contrariou as recomendações do Ministério da Saúde ao passear no comércio de Brasília no último domingo (29), formando aglomerações por onde passava. Além disso, o Guardian vem repercutindo panelaços contra Bolsonaro nas principais capitais do país.

Já o alemão Deutsche Welle (DW), em uma matéria intitulada “Bolsonaro e Corona: um fantasma assombra o Brasil” lembra que o presidente foi censurado no e no Twitter por ter disseminado desinformação sobre o coronavírus e estimulado práticas não condizentes com as recomendações de saúde. O DW acrescenta que, de todos os mandatários do planeta, apenas Bolsonaro e o venezuelano Nicolás Maduro – que compartilhou uma suposta receita caseira contra o covid-19 – foram censurados pelas redes sociais.

Já o Clarín, da Argentina, lembrou que, além da aliança de esquerda, o governador de , João Dória (PSDB), embarcou numa campanha para que se ignorasse a retórica do presidente Bolsonaro e para que a população seguisse à risca as recomendações das autoridades de saúde, ficando em casa.