Ex-deputado é condenado a 9 anos por duplo homicídio no PR

Nove anos e quatro meses de reclusão por duplo homicídio

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Nove anos e quatro meses de reclusão por duplo homicídio

O ex-deputado estadual do Paraná Luiz Fernando Ribas Carli Filho (sem partido), de 35 anos, foi condenado na tarde desta quarta-feira (28) a nove anos e quatro meses de reclusão por duplo homicídio com dolo eventual (quando o réu assume o risco de matar). O júri popular de sete pessoas da comunidade, sendo cinco mulheres e dois homens, sorteadas de um grupo de 25, o considerou culpado pelas mortes de  Gilmar Rafael Yared, de 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, de 20, ocorridas em um acidente de trânsito em maio de 2009, em Curitiba.Ex-deputado é condenado a 9 anos por duplo homicídio no PR

O julgamento começou na manhã de ontem, na 2ª Vara Privativa do Tribunal, na capital paranaense, e demorou mais de 16 horas (contando os dois dias). A sentença do juiz Daniel Ribeiro Surdi de Avelar foi lida pouco depois das 17 horas de hoje. O magistrado disse esperar que o caso sirva de exemplo. “Que o hábito de um trânsito mais seguro seja uma realidade a partir de hoje, amanhã e sempre”, afirmou. Apesar da condenação em primeira instância, Carli não vai para a prisão imediatamente. Como é réu primário, tem endereço fixo e não oferece risco de fuga, ele poderá recorrer em liberdade. O prazo para apelação é de cinco dias.

Na terça-feira (27), o ex-parlamentar pediu desculpas às mães das vítimas e se declarou culpado, mas reforçou que “jamais teve a intenção” de causar as mortes. Durante quase nove anos, a defesa do ex-deputado tentou evitar o júri. Ao todo, foram negados 33 recursos nos tribunais superiores. Depois, os advogados buscaram classificar o crime como homicídio culposo (sem intenção de matar), tese que acabou refutada. Carli Filho deverá se apresentar à Justiça em Guarapuava, sua cidade natal, a 260 quilômetros de Curitiba, mensalmente.

O crime

Conforme a denúncia do Ministério Público, no dia 7 de maio de 2009 o Passat do então parlamentar “decolou” pela Avenida Monsenhor Zanlorenzi, no Mossunguê, e caiu sobre o Honda Fit em que estavam os dois jovens, matando ambos na hora. O político dirigia a 170km/h, sendo que o limite da via era de 60km/h, e estava com a carteira de habilitação suspensa, além de 30 multas acumuladas, incluindo 23 por excesso de velocidade. Um exame, depois descartado dos autos, indicou que ele tinha bebido. O resultado foi de 7,8 decigramas de álcool por litro de sangue, quantidade cerca de quatro vezes maior que o limite permitido à época, de dois decigramas.

Com a batida, Carli teve ferimentos graves na cabeça, foi para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Evangélico e ficou internado por quase um mês. Renunciou ao cargo na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) na sequência, sofreu dezenas de cirurgias e passou a viver quase recluso em Guarapuava. O réu é de família tradicional na política paranaense. Seu pai, Luiz Fernando Ribas Carli, foi prefeito durante três gestões. Seu irmão, Bernardo Ribas Carli (PSDB), e seu tio materno, Plauto Miró (DEM), exercem atualmente mandato na Alep.

A mãe de uma das vítimas, Christiane Yared, criou o Instituto Paz no Trânsito, cujo objetivo é lutar pela fiscalização e pela punição de envolvidos em crimes desta natureza. Em 2014, pouco mais de cinco anos depois da morte do filho Gilmar Rafael, ela foi eleita a deputada federal mais votada do Paraná, com mais de 200 mil votos. “Tenho certeza absoluta que muitas vidas serão salvas, porque essa luta é de cada um de nós, de todos que estão aqui hoje e participaram”, disse nesta quarta (28), na saída do fórum. “A pena dele [Carli Filho] tem tempo de validade; a nossa não tem”, completou.

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