Em cadeia no Ceará, presos impõem ‘toque de recolher’ a carcereiros

Presídio no Ceará é controlado por facção Guardiões do Estado

Um relatório do Conselho Penitenciário do Estado do Ceará, encaminhado na última semana ao governo estadual, aponta para um absurdo em um presídio cearense: presidiários controlam os horários dos agentes penitenciários no local.

A cadeia onde o caso ocorre é a CPPL 2 (Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor Clodoaldo), onde a maioria dos mais de 1.100 presos é ligada à facção criminosa GDE (Guardiões do Estado).

Segundo reportagem da revista Piauí, na CPPL 2, os internos fariam fotos dos agentes penitenciários e as compartilhariam pelas redes sociais e Whatsapp, com mensagens de ameaças de morte.

No presídio, carcereiros tem usado balaclavas para esconder os rostos. “Já fui filmado e fotografado, não dá mais para trabalhar sem balaclava. Se não esconder o rosto, posso sofrer algo lá fora. Posso morrer”, disse um agente na condição de anonimato.

A cadeia  estaria sob total controle dos presidiários. Em um dos corredores, é possível ler uma ordem de ‘toque de recolher’ nas paredes com a assinatura da GDE: “Proibido agente no piso superior a partir das 22 horas”.

Os carcereiros relatam que os presos serrariam, todos as noites, as grades de proteção que separam as alas, circulando livremente por toda a unidade prisional durante a madrugada. Pela manhã, as grades voltam a ser soldadas.

No relatório encaminhado, o Conselho Penitenciário do Ceará pede intervenção imediata no presídio e reforma, pois o “risco de fuga em massa e/ou algum ataque aos servidores é muito alto”. “Não há disciplina prisional”, finaliza o documento.