Professor pode ser condenado a 5 anos de prisão por protestar contra a Vale

“É porque sou o único negro”, diz Evandro Medeiros

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“É porque sou o único negro”, diz Evandro Medeiros

Um professor da Unifesspa (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará) pode ser preso por ter participado de um protesto contra a Vale em Marabá, no interior do Pará. Evandro Medeiros pode ser condenado a até cinco anos por ter “incitado” a manifestação.

De acordo com o jornal El País, ele é professor na Faculdade de Educação do Campo e foi acusado de incitar uma ocupação de trilhos em ato contra a Vale, a mineradora que, além de controlar a Samarco (empresa responsável pelas barragens rompidas em Mariana/MG), também opera a Estrada de Ferro Carajás.

A reportagem do periódico espanhol afirma que a empresa apresentou queixa contra Medeiros, na semana passada, acusando-o de “incitar, publicamente, a prática de crime”, o que dá pena de até seis meses, e de “impedir ou perturbar serviço de estrada de ferro”, que pode acarretar em cinco anos de prisão.

Ouvido pelo jornal, o delegado Washington Santos de Oliveira afirma que há indícios de crime por parte do professor. “A Constituição assegura o direito de reunião e de livre manifestação, mas eles se encontravam em linha férrea, que tem essa proteção legal. O mero fato de eles estarem no trilho resulta em crime de perigo de desastre ferroviário”.

Já Evandro se defende, dizendo que a tentativa de incriminá-lo tem objetivo de intimidar a população. “O pessoal diz que eu fui o único responsabilizado porque sou o único negro. Mas acho que é porque eu sou atuante. Organizo um festival de cinema, produzo filmes sobre a situação na região. Eles queriam pegar alguém que pudesse servir de exemplo em uma clara tentativa de intimidação”.

Ele, que está produzindo um documentário sobre os danos que as obras da ferrovia causaram sobre a população local, afirma que está sendo perseguido. “Eu estou sendo processado e citado como bandido por participar de um ato em solidariedade a vítimas de uma barragem”, conclui.

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