Novo presidente da Petrobras diz que apoia revisão da Lei de Partilha

A empresa movimenta 13% do PIB

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A empresa movimenta 13% do PIB

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou hoje (2)  que a empresa apoia a revisão da Lei de Partilha com a substituição da obrigatoriedade de participação com pelo menos 30% dos investimentos em cada campo de exploração do pré-sal pelo direito de preferência, de acordo com a avaliação de onde é melhor fazer parte do negócio.

Parente disse que o Brasil e a Petrobras “não podem se dar o luxo de esperar tempo demais” e que é necessário levar o pré-sal a seu potencial máximo, sem se prender a amarras dogmáticas. Se considerar a situação financeira atual, se a exigência de participação de 30% permanecer, disse ele, a consequência será retardar, sem previsão de prazo, a exploração plena do potencial do pré-sal.

“Essa obrigação retira a liberdade de escolha da empresa de somente participar na exploração e produção dos campos que atendam seu melhor interesse. Mantida essa obrigação, a empresa pode se ver forçada a participar de empreendimentos que, segundo a sua própria avaliação, não seriam prioritários naquele momento ou mesmo que não teriam viabilidade econômica, o que será imperdoável em uma empresa listada em Bolsa [de Valores] e com milhares de acionistas”, acrescentou Parente, em discurso ao receber o cargo de presidente da Petrobras.

Ele informou que, no dia 8 de maio, a empresa e seus parceiros atingiram pela primeira vez a marca de 1 milhão de barris de petróleo produzidos na área do pré-sal e disse que tal patamar merece ser comemorado. “Esse número representa 40% da produção operada pela Petrobras no Brasil, volume que iguala aquele alcançado pelo país em 1998, após 45 anos de atividades. O pré-sal já é uma realidade, mas tem muito mais a proporcionar.”

Parente reafirmou que a definição da política de preços da Petrobras é resultado de análise empresarial e que não cabe ingerência política, o que faz parte da visão clara a respeito da gestão da empresa que foi apresentada a ele pelo presidente interino Michel Temer. “Compartilhamos da visão de que a empresa tem de estar sempre livre de qualquer tipo de pressão política e protegida de qualquer agenda partidária e eleitoral.”

Lava Jato

O novo presidente da Petrobras lembrou que a empresa movimenta 13% do PIB (Produto Interno Bruto, soma de todos os bens e serviços produtos no país) brasileiro e que a lista de desafios da empresa é grande, mas prometeu recuperar a imagem da companhia, atingida por denúncias de corrupção e investigações da Operação Lava Jato.

Embora tenha reconhecido que houve avanços na área de governança durante a gestão do ex-presidente Aldemir Bendine, para melhorar a imagem da companhia, Parente disse que é preciso aprofundar o trabalho. Segundo o executivo, a euforia e o triunfalismo do discurso de anos recentes não servem para esconder o “verdadeiro descalabro” que vitimou a companhia.

“A Petrobras foi vítima de uma quadrilha organizada para obter os mais escusos, desonestos, antiéticos e criminosos objetivos. Crimes foram praticados por pessoas que se valeram de seus cargos para sustentar seus projetos pessoais de riqueza e poder”, afirmou Parente. Ele ressaltou, porém, que a empresa continuará a contribuir de “maneira irrestrita e incansável” com a Operação Lava Jato. “Como vítimas, somos os maiores interessados na total elucidação de todos os crimes e na sua reparação.”

Capitalização do Tesouro

Parente disse que não gosta da visão de que, para sair da difícil situação financeira em que se encontra a Petrobras, seria necessário o Tesouro Nacional capitalizar a empresa. Para ele, esse processo prejudicaria o contribuinte brasileiro, porque no final vai ser ele a pagar a conta da dívida.

“Joga-se nas costas do contribuinte brasileiro a solução de um problema que ele não ajudou a criar e em relação ao qual, pelo contrário, se sente revoltado”, afirmou. “Vamos buscar e encontrar saídas que não sejam a injeção direta de capital do Tesouro na Petrobras.”

Conteúdo local

Na opinião de Parente, a política de conteúdo local adotada pela empresa precisa prevalecer pela competência, e não pela reserva de mercado que, ao contrário só tem apresentado resultados pífios, principalmente nos prazos de entrega. Ele defendeu uma política de conteúdo local capaz de tornar o setor industrial competitivo globalmente e disse que a empresa pode ajudar muito com sua escala, enfatizando que é preciso incentivar a inovação, as parcerias, a produção com qualidade, além de custos e prazos adequados.

Dirigindo-se aos empregados da empresa, Parente prometeu se empenhar para garantir a segurança no trabalho para evitar ferimentos e até mortes de colaboradores. “A segurança tem que ser um valor absoluto.” Ele defendeu ainda o diálogo com os funcionários e afirmou que a participação de entidades de classe é fundamental e bem-vinda.

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imagem: Freepik
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