Goleiro Bruno é transferido da Penitenciária de BH a Centro de Reintegração

Atleta deixou a Nelson Hungria na tarde desta quarta-feira escoltado

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Atleta deixou a Nelson Hungria na tarde desta quarta-feira escoltado

O goleiro Bruno Fernandes de Souza, condenado pelo assassinato de Eliza Samudio e pelo sequestro do filho dela, foi transferido da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O atleta vai cumprir o restante da pena de 22 anos e três meses de prisão no Centro de Reintegração Social (CRS) da Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (APAC) de Santa Luzia, também na Grande BH. A transferência foi feita depois que a Justiça deferiu um pedido do preso.

De acordo com a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), Bruno deixou a Penitenciária Nelson Hungria às 15h15 e seguiu escoltado por agentes penitenciários do complexo. Um oficial de Justiça entregou a determinação judicial autorizando a transferência. 

O pedido foi acatado nessa terça-feira pela juíza Arlete Aparecida da Silva Coura, da 1ª Vara Criminal e Execuções Penais de Santa Luzia. De acordo com a magistrada, a decisão seguiu critérios objetivos. O primeiro deles é o cronológico. Neste ponto, são analisados os presos que estão na fila de espera para a transferência. 

Outro critério é o perfil do preso. O juiz avalia se a pessoa vai se adaptar ao regime da Apac. A juíza procurou informações na Penitenciária Nelson Hungria e no Presídio de Francisco Sá, no Norte de Minas Gerais, onde Bruno também cumpriu pena e acabou retornando para Contagem, e não descobriu nenhum impedimento para a transferência. 

Segundo a Seds, a Apac tem como objetivo a humanização no cumprimento da pena, com presença de voluntariado, envolvimento das famílias de presos e na recuperação do condenado. O método foi criado em São José dos Campos na década de 1980. Atualmente, Minas custeia 33 centros de reintegração social. O Governo de Minas atualmente custeia 33 Centros de Reintegração Social (CRS). O método Apac em Minas é desenvolvido em parceria com o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais e a Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (Fbac). 

Na Apac o goleiro vai ter mais liberdade do que tinha na Nelson Hungria, mas terá que continuar a cumprir a pena em regime fechado. “O que muda é que ele vai estar em um ambiente melhor para as pessoas que cumprem pena. Lá é um ambiente mais salutar. O Bruno vai ter acesso ao trabalho, ao estudo e outras atividades. Os presos têm uma liberdade maior”, explica o atual advogado do goleiro, Bernardo Simões Coelho. 

O defensor comemorou a vitória na Justiça e já pensa em outras medidas. “Começamos a trabalhar para o Bruno em junho e nossa primeira motivação era a transferência. O pedido já tinha sido feito anteriormente, mas fizemos umas mudanças. Agora, vamos focar na apelação da sentença da Juíza de Contagem. Não posso passar muitos detalhes do processo, mas nosso principal objetivo é esse. Essa apelação ainda será julgada”, comentou. 

Réus condenados
Todos os réus que responderam pelos crimes contra Eliza Samudio e do filho dela, foram condenados, com exceção de Dayane Rodrigues, ex-mulher de Bruno, que foi absolvida das acusações. Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do atleta, foi condenada a cinco anos pelo sequestro e cárcere de Eliza e Bruninho. Luiz Henrique Romão, o Macarrão, braço direito do ex-ídolo do Flamengo, foi sentenciado a 15 anos de prisão por homicídio qualificado. Ele foi beneficiado por uma confissão parcial do crime. Já Bruno teve a pena estabelecida em 22 anos e 3 meses de prisão por homicídio e ocultação do cadáver da jovem e também pelo sequestro e cárcere privado do filho, Bruninho. O ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, apontado como executor do assassinato, foi condenado a 22 anos de prisão.

Elenílson Vitor da Silva, caseiro do sítio do ex-atleta em Esmeraldas, e Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, respondiam apenas pelo sequestro e cárcere privado de Bruninho, filho do jogador e da modelo assassinada. Ambos foram condenados e cumprirão pena em regime aberto. Wemerson, que era réu primário, foi sentenciado a 2 anos e 6 meses de prisão. Já Elenilson, que chegou a ficar preso por cinco meses por causa do envolvimento na morte de Eliza e não era réu primário, teve a pena estabelecida em 3 anos.

Um outro réu no processo não chegou a ser julgado. Sérgio Rosa Sales, primo do goleiro Bruno, era considerado a principal testemunha do caso. Ele foi assassinado meses antes da data prevista para o julgamento. A polícia concluiu que ele foi vítima de um crime passional, sendo executado pelo companheiro de uma mulher que tinha assediado na rua. Outro primo do jogador, que revelou à polícia grande parte da trama, cumpriu medida sócio-educativa e já está em liberdade. Jorge Lisboa Rosa era menor de idade quando o crime ocorreu 

Investigação continua 
A Polícia Civil ainda investiga a participação de outras pessoas no assassinato de Eliza Samudio e do sequestro do filho dela. O ex-policial civil José Lauriano de Assis Filho, o Zezé, teve a prisão pedida pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), mas conseguiu na Justiça o direito de responder em liberdade. Outro que é investigado é policial da ativa Gilson Costa, que também vai aguardar o julgamento em liberdade.

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