Sheislane Hayalla, 23 anos, alega que a drástica atitude foi uma forma de protesto contra suposta “marmelada”

“Tudo que fiz foi pensado”. Assim Sheislane Hayalla, 23 anos, ou Sheis, como é chamada pelos amigos, define o ato que a tornou conhecida mundialmente. Natural de Manaus, a bela jovem, segunda colocada na 60ª edição do Miss Amazonas, arrancou a coroa da vencedora, Carolina Toledo, para em seguida arremessar o prêmio ao chão, na noite da última sexta-feira (30). Por isso, perdeu o vice-campeonato, mas não desceu do salto.

Dezenas de vídeos na internet mostram todos os ângulos do crucial momento. Um deles contabiliza mais de 788 mil visualizações. No Live Leak, uma espécie de YouTube do mundo bizarro, a gravação ficou entre os grandes destaques do último fim de semana.

À IstoÉ Online, Sheislane explicou que a drástica atitude foi uma forma de protesto. Segundo ela, o título de miss Amazonas teria sido negociado anteriormente entre a família da ganhadora e a organização do evento. Provas da acusação? Não há. “Não foi uma agressão, foi um protesto para que isso [a suposta compra do resultado] pare de acontecer, pois estão destruindo o sonho de muitas meninas”, afirmou, por telefone, à reportagem.

Confira a entrevista completa:

O que motivou a sua reação? Foi, de alguma forma, uma reação premeditada?
Tudo o que eu fiz foi algo pensado. Não foi inveja, foi protesto. Não se pode brincar com o sonho de ninguém. Se for pra fazer um concurso, que se faça algo justo e limpo. Desde o ano passado já havia esse comentário de que ela [Carolina Toledo] negociou o título. Então eu fiz um protesto, não porque eu ache que que deveria ganhar. Quando eu entrei no concurso já me alertaram para não participar. A faixa e a coroa não podem ser negociadas.

Quem fez o alerta?
Não posso falar nomes, mas todo mundo aqui da alta sociedade de Manaus já falava isso. Era dona de butique, dona de salão, colunistas, socialites… Todos me avisaram que o título já estava negociado.

E isso não te desmotivou?
Eu procurei a coordenação do  Miss Amazonas e eles me garantiram que seria algo limpo e justo. Que haveria auditoria. Mas não houve. Antes do concurso as candidatas já estavam bastante chateadas com esses rumores de que o título já estava comprado. O concurso tinha de 20 a 30 candidatas nos anos anteriores e este ano foram só 11 candidatas por causa dos rumores. 

E quando veio o resultado…
Foi uma confirmação dos rumores. Eu já tinha previsto algum tipo de protesto, mas não queria que fosse algo atrás das câmeras, como geralmente ocorre. Eu queria fazer algo pra todo mundo ver, um protesto assim nunca aconteceu antes.

Qual foi seu primeiro sentimento no dia seguinte?
Eu não me arrependi. Foi algo pensado e algo que eu achei justo, estou com a consciência totalmente limpa. A coordenação queria que eu saísse pela porta dos fundos e eu disse ‘não’, porque o que eu fiz não tem nada demais, eu me orgulho do que fiz. Só não gostei de as pessoas acharem que foi inveja ou que eu não estava satisfeita, que fiquei chateada com o segundo lugar.

Como reagiu a sua família? Mães de miss costumam ser muito corujas.
A primeira pessoa a me encontrar quando eu saí do palco foi o meu pai, que me abraçou muito. A minha mãe chorou muito, mas depois me parabenizou, disse que foi isso o que me ensinou, que a gente tem que falar, não pode se calar.

Você está recebendo apoio de muita gente. Como vê isso? Esperava essa reação?
Muitas misses me mandaram mensagens dizendo que eu fiz o que elas não fizeram, mas gostariam de ter feito. Ficaram felizes pelo protesto, por eu ter mostrado para as pessoas o que realmente acontece no concurso, que não é só glamour.  O que eu fiz foi pra mudar essa prática e ninguém vai me calar.

Você falou com a Carolina depois?
Não. Nem com ela nem com a família dela. A gente nunca chegou a conversar antes, só nos conhecemos na época do concurso. Não tenho raiva da candidata, nada contra ela, tenho raiva de a organização do concurso ter aceitado.  A revolta toda é que a gente chegou a conversar sobre isso com a organização do concurso e o próprio organizador chegou a falar mal dela pra gente e garantiu que ela não ganharia. 

E você sabe dizer qual teria sido a negociação?
Não sei o que foi negociado.

Não tem medo de que a família da Carolina ou a organização entrem com um processo contra você por calúnia?
Meu advogado está à minha disposição, se preparando. Se quiserem entrar na Justiça e me processar eu falo mesmo. 

Você conversou com alguém da organização depois do evento?
Nenhum deles entrou em contato comigo. Eu já tentei entrar em contato com eles, mas não tenho retorno.

Você teme algum tipo de punição?
Acho que não tem o que punir, eu devolvi a faixa pra organização.

E quais são seus planos agora?
Tem outros concursos que estão me chamando para participar como concorrente ou ser jurada. Mas esse já era meu último ano, minha última participação. Agora vou investir na minha carreira de modelo e atriz. Mas continuo com o discurso de que os concursos têm que ser justos e limpos.

Você diria que tem uma personalidade difícil?
(Risos) As pessoas que me conhecem sabem que não tenho personalidade difícil, sou muito calma, até demais. Sou feliz, alegre. Eu trabalho com criança em instituição, trabalho com mulheres com câncer de mama, não posso ter personalidade difícil.

De onde vem o nome Sheislane Hayalla?
Sheislane Hayalla (pronuncia-se “raiala”) é meu nome artístico. O nome é Sheislane dos Santos Reis. Não tem nenhuma história especial. Minha irmã se chama Lislane e minha prima, Lisliane. Minha tia achou que poderia ter mais uma ‘ane’ na família e escolheram Sheislane, mas meus amigos me chamam de Sheis. O Hayalla foi minha mãe que escolheu pra mim. Desde pequena me chamo assim. Eu cresci como Sheislane Hayalla, mas nunca perguntei de onde ela tirou isso. Mas foi ela quem escolheu, já que desde pequena estive envolvida com essa área. Sempre quis ser atriz e modelo.