Representante da ONU elogia projeto brasileiro de produção de radiofármacos
Reator representará avanços na área da medicina nuclear do Brasil
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Reator representará avanços na área da medicina nuclear do Brasil
Em visita à sede da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) na última semana, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, elogiou o projeto do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), desenvolvido pela comissão com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e que será instalado em Iperó, no interior de São Paulo. A AIEA é ligada à Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo Amano, o reator representará avanços na área da medicina nuclear do Brasil, que vão beneficiar a população com a produção de radioisótopos utilizados em radiofármacos aplicados em tratamentos de câncer e em diagnósticos de doenças do coração e do cérebro, entre outras. “Vai beneficiar milhões de pessoas em seu país”, disse.
O presidente da CNEN, RenatoCotta, admitiu que há um atraso no desenvolvimento do projeto do RMB, mas disse que há expectativa de liberação de recursos do governo ainda este ano para a contratação do projeto executivo de engenharia, que deve levar dois anos. Depois disso, são necessários mais dois anos para construção do reator. “Nossa perspectiva é essa. Se continuar o nosso cronograma de assinatura do projeto executivo agora e construção logo a seguir, a gente está com isso concluído em 2020”, disse.
Segundo Cotta, o Brasil produz atualmente uma série de radiofármacos de meia-vida curta, com efetiva aplicação por um período de duas horas, mas o radioisótopo de vida-longa, que pode durar até 60 horas, ainda precisa ser importado, o que deixa o país dependente do mercado internacional. Com o RMD, essa dependência e a demanda reprimida pelos medicamentos serão reduzidas. Hoje, a medicina nuclear no Brasil é responsável por dois milhões de procedimentos médicos, um terço da demanda real por tratamentos desse tipo, segundo o presidente da CNEN.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), Cláudio Tinoco Mesquita, com a produção a partir da entrada em funcionamento do reator, o Brasil se tornará autossuficiente em radiofármacos. “Não vai mais precisar importar nada. É um projeto para a autossuficiência total. O Brasil tem toda a capacidade para produzir aqui. Só precisa que haja o investimento.”
Prêmio
Yukiya Amano recebeu da CNEN o Prêmio Octacílio Cunha, concedido desde 1981 a entidades que contribuem para o desenvolvimento do setor nuclear brasileiro. Entre os premiados deste ano também estão a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear e a Amazônia Azul Tecnologia de Defesa (Amazul).
A premiação encerrou a agenda de Amano no Brasil, que incluiu uma reunião com o ministro Gilberto Kassab e visitas ao Centro Experimental de Aramar, em Iperó, no interior de São Paulo, e à Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis (RJ), onde estão instaladas as usinas nucleares Angra 1, Angra 2 e o canteiro de obras de Angra 3.
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