Mais de 10% dos jogadores pelo mundo já foram alvo de ofertas de suborno, diz FIFPro

O sindicato internacional de jogadores (FIFPro) divulgou nesta quarta-feira balanço que mostra que 11,9% dos jogadores de futebol em todo o mundo já receberam ofertas de suborno para manipular resultados de partidas. Além disso, 23,6% dos atletas afirmam que “têm certeza” de que há manipulação de resultados nos campeonatos nacionais que disputam.

Para Brendan Schwab, presidente do FIFPro na Ásia, os jogadores e as autoridades devem se unir para acabar com os casos de escândalo. “Todos os membros da família do futebol, os governos e as autoridades devem trabalhar de forma conjunta para combater os problemas”, declarou.

Schwab alertou que os jogadores de futebol precisam de proteção, pois têm sido usados como peões pelo crime organizado: “Temos atletas na Ásia que têm medo de formar uma associação ou de reportar violações contratuais. Precisamos enfrentar esse medo”.

“Você está lidando com o crime organizado, que irá fazer tudo o que for necessário para implementar seu plano. Se os jogadores vão denunciar algo, eles não só precisam fazê-lo a alguém de confiança, mas também precisam ser protegidos por medidas de segurança ao seu redor”, completou Schwab.

Outro problema citado por Schwab foi o atraso de salários, que pode ser usado pelo crime organizado para ter acesso aos jogadores: “Uma federação não pode se dizer seriamente preocupada com armação de resultados se não impõe sanções para assegurar que os jogadores sejam pagos em dia”.

O FIFPro reúne mais de 65 mil jogadores, distribuídos em 56 sindicatos de atletas pelo mundo. Além dos dados sobre manipulação, foram divulgados números sobre violência e racismo no futebol.

Segundo o FIFPro, uma a cada dez partidas de futebol pelo mundo tem atos racistas por parte da torcida. Também foi divulgado que mais de 10% dos jogadores sofre assédio por parte de dirigentes ou treinadores, e que cerca de 9% dos atletas já foram agredidos por torcedores ou outros envolvidos com o futebol.

Em 2013, foi revelado um escândalo de manipulação de resultados que envolve partidas de todo o mundo. Veja abaixo alguns dos casos revelados:

• Pênalti duvidoso e gol da Argentina aos 58 min do 2º tempo

O jogo Argentina 1 x 0 Bolívia, realizado em dezembro de 2010 por um torneio sub-20 em Cordoba, é um dos que estão na mira da polícia europeia. Investigação dá conta de que houve manipulação de resultados para favorecer apostadores.

O gol da vitória da Argentina aconteceu aos 58 min do segundo tempo após pênalti inexistente. Até mesmo o jornal argentino “Olé” tratou na época com desconfiança a vitória de sua seleção. O periódico considerou “escandalosa” a performance da arbitragem na vitória dos argentinos sobre os bolivianos. Os jogadores da Bolívia tentaram agredir o árbitro húngaro Lengyel Kolos, mas foram contidos pelo técnico da equipe. Não bastasse o pênalti, um jogador boliviano e o técnico foram expulsos. Posteriormente, Kolos foi banido do futebol.

• Goleada do Fenerbahce em 2009 gera dúvidas sobre facilitação de jogo

O Fenerbahce goleou o clube húngaro Honved por 5 a 1 em jogo pela Liga Europa. A partida está na lista das consideradas suspeitas.

O modo como o time turco venceu a partida gerou suspeitas logo após o compromisso realizado em Instambul. Tanto que os jogadores brasileiros do Fener foram indagados sobre uma eventual facilitação rival. Deivid, na época do time turco, disse não ter percebido algo estranho por parte do Honved. O terceiro gol saiu após troca de passes dos jogadores do Honved dentro de sua própria área. A bola foi roubada, ficando fácil para o gol de Alex, hoje no Coritiba.

• Goleiro toma gol suspeito no fim em vitória do Liverpool contra o Debrecen

A polícia europeia tem indícios de que o goleiro Vukasin Poleksic teria integrado esquema de combinação de resultados.

O jornal dinamarquês Ekstra Bladet diz que o goleiro do Debrecen teria combinado com apostadores de levar três gols do Liverpool, mas acabou sofrendo apenas um gol, no fim do jogo. A partida aconteceu em 2009 pela Liga dos Campeões. Um ano depois o goleiro foi suspenso pela Uefa por dois anos por não informar se foi procurado por pessoas ligadas à máfia de apostas.

• A manipulação de resultados teve consequências graves no futebol italiano

Em 2006, a Juventus, maior vencedora da história da Serie A, foi rebaixada por envolvimento em esquema que envolvia entrega de jogos e armação na escolha de árbitros. Outra investigação começou em 2011, e terminou na suspensão do técnico Antonio Conte, da Juve, do lateral Criscito e na prisão de Stefano Mauri, da Lazio. Além disso, vários times foram punidos com rebaixamento ou perda de pontos.