Interpol pede ajuda da população para prender procurados
A Interpol (polícia internacional) está pedindo ajuda da população para tentar dar um novo fôlego para investigações antigas sobre 15 fugitivos internacionais que estariam escondidos em países da América Latina. Os casos estavam praticamente engavetados devido à falta de pistas. A entidade elaborou uma lista com os homens mais procurados que estariam escondidos na região […]
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A Interpol (polícia internacional) está pedindo ajuda da população para tentar dar um novo fôlego para investigações antigas sobre 15 fugitivos internacionais que estariam escondidos em países da América Latina. Os casos estavam praticamente engavetados devido à falta de pistas.
A entidade elaborou uma lista com os homens mais procurados que estariam escondidos na região e iniciou uma campanha na imprensa e nas redes sociais. Dessa forma espera contar com denúncias anônimas para voltar a persegui-los.
A megaoperação de busca, batizada de Infra (sigla em inglês para Busca e Prisão de Fugitivos Internacionais) Américas, teve início em novembro, mas o pedido de ajuda à população foi divulgado na semana passada.
Veja Álbum de fotos
“A Interpol está difundindo a lista dos principais procurados pelos países participantes por intermédio dos canais de imprensa, visando integrar a população nesse esforço coordenado de captura de foragidos”, afirmou à BBC Brasil o delegado da Polícia Federal brasileira Luiz Eduardo Navajas Teles Pereira, chefe da Interpol no Brasil.
A organização policial conta atualmente com 190 países-membros e atua na maioria deles contando com policiais e recursos de cada governo.
A operação Infra Américas engloba 47 desses países das Américas, da Europa e da África. A lista dos 15 mais procurados foi elaborada após consultas com os governos dessas nações a partir de uma lista de 266 foragidos internacionais da Interpol.
A maioria dos 15 fugitivos é procurada por homicídios, tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro e participação em organizações criminosas. Oito deles são de países da América Latina e os demais de Canadá, Holanda, Romênia, Eslováquia e Nicarágua.
A relação com nomes e fotos dos fugitivos está disponível no site da Interpol.
O “alvo” mais importante da operação é o senhor das drogas mexicano Rafael Caro-Quintero, de 61 anos, ex-líder do cartel de Guadalajara, no México – organização fundada nos anos 1970 para traficar droga para os Estados Unidos e posteriormente desbaratada na década de 1980 com a prisão de Caro-Quintero. Seus ex-membros integrariam atualmente os cartéis de Sinaloa, Tijuana e Juarez.
Após cumprir uma pena de 28 anos, Caro-Quintero foi libertado de uma prisão mexicana em agosto deste ano e desapareceu. Contudo, ele ainda é procurado pela Justiça dos Estados Unidos, onde é acusado de diversos crimes, como assassinato de um agente federal, sequestros, conspiração e associação com o crime organizado.
Pistas frias
Na maioria dos casos desses fugitivos, as pistas que poderiam revelar seu paradeiro esfriaram ou levaram as equipes policiais a um beco sem saída – a partir do qual não era mais possível seguir investigando.
Por causa disso, as investigações sobre a localização desses fugitivos acabaram sendo engavetadas em alguns países.
Autoridades da Interpol disseram à BBC Brasil que a operacão Infra Américas é uma tentativa de dar um novo fôlego a esses inquéritos – especialmente se surgirem novas pistas a partir de denúncias anônimas.
As últimas informações sobre esses procurados levam a Interpol a acreditar que a maioria deve estar escondida na América Central, na Colômbia, no Equador, no Peru, na Venezuela ou nas ilhas do Caribe.
Segundo Ervin Prenci, do setor de inteligência da Unidade de Investigação de Fugitivos da Interpol, o público pode fornecer informações vitais para essas investigações. “Qualquer informação, não importa quão pequena ou aparentemente insignificante, pode ser a peça que falta em uns quebra-cabeças que pode ajudar a localizar esses criminosos perigosos”, afirmou em comunicado enviado a órgãos de imprensa.
As denúncias podem ser feitas de forma anônima. A comunicação pode ser feita diretamente à Interpol por meio de seu , ou à polícia nacional do país do denunciante – a Polícia Federal, no caso do Brasil.
A Interpol já realizou entre 2010 e 2012 operações semelhantes na América do Sul e no sudeste da Ásia, além de uma operação global denominada Infra-Red. Juntas, as três ações resultaram na prisão de cerca de 500 fugitivos.
Brasil
Embora nenhum dos 15 suspeitos mais procurados da operação Infra Américas seja brasileiro, equipes da Polícia Federal estão envolvidas na operação.
Elas devem lidar com qualquer eventual denúncia que levante a suspeita de que um desses “alvos” da Interpol tenha procurado refúgio no país.
Segundo o delegado Pereira, o Brasil, que abrigou por décadas um dos ladrões do trem pagador, o britânico Ronald Biggs – morto na semana passada -, não é mais visto internacionalmente como um refúgio de criminosos internacionais.
“Sem dúvida o grande número de prisões (de fugitivos internacionais no Brasil) observado desde 2009 passou a colaborar para a mudança dessa imagem”, disse o policial federal.
“A maior integração entre os órgãos envolvidos no processo de prisão e extradição (Polícia Federal, Ministérios da Justiça e Reações Exteriores, Supremo Tribunal Federal) mostra-se também condição importante para a melhora nesses resultados”, afirma.
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