Sisep paralisa contrato com empresa que projetou corredor de ônibus na Rui Barbosa

A empresa foi condenada e proibida de fazer novos contratos com poder público

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Corredor de ônibus na Rui Barbosa (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Nesta sexta-feira (1º), a Prefeitura de Campo Grande, por meio da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), publicou extrato de paralisação. O contrato havia sido firmado com empresa que depois foi condenada por improbidade.

Conforme detalhado no extrato de paralisação, a data consta de 26 de maio. Fica paralisada a elaboração de estudos e projetos executivos de infraestrutura urbana de implantação asfáltica e sistema de drenagem de águas pluviais, acessibilidade e sinalização viária de trechos da Avenida Ernesto Geisel e Guaicurus.

O extrato é assinado pelo empresário responsável pela Schettini Engenharia Ltda (CNPJ 37.534.039/0001-07) e por Domingos Sahib Neto, da Sisep. A empresa já foi contratada para vários estudos em Campo Grande.

Além disso, também foi responsável pelo projeto do corredor de ônibus da Rui Barbosa.

Empresa condenada

Sentença que condena a empresa Schettini Engenharia Ltda (CNPJ 37.534.039/0001-07) à proibição de contratar com o poder público por 6 anos foi publicada no Diário Oficial da Justiça.

Conforme a decisão do juiz Ariovaldo Nantes Corrêa, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, ficam a empresa e o proprietário proibidos de contratar com o poder público. Também de receber benefícios ou incentivos fiscais, por 6 anos.

A condenação é por improbidade administrativa que importa em enriquecimento ilícito. O magistrado também condenou o então procurador jurídico da Câmara Municipal de Campo Grande na época dos fatos e a esposa.

O casal foi condenado ao perdimento de um total de R$ 74 mil acrescido ilicitamente ao patrimônio, valor que deve ser corrigido. Também ao pagamento de multa civil.

Contrato firmado em 2019

Em 2019, a Sisep e a empresa Schettini Engenharia Ltda assinaram contrato de R$ 621.227,22 para a “elaboração de projeto executivo de infraestrutura, arquitetura, urbanismo e paisagismo visando a requalificação do corredor exclusivo de transporte coletivo” na rua Rui Barbosa.

A assinatura do documento ocorreu no dia 10 de julho daquele ano, entre o então titular da Sisep, Rudi Fiorese, e o responsável pela empresa, Ricardo Schettini Figueiredo.

Conforme o documento, a verba usada foi destinada por meio do projeto do Reviva Centro, que tem recursos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

Atualmente, a empresa tem vários outros contratos firmados com a prefeitura e também com o Governo de Mato Grosso do Sul, com a Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos).

Esses contratos são em maioria para elaboração de projetos de obras.

Corredor de ônibus

O corredor exclusivo de ônibus da Rua Rui Barbosa começou a funcionar em 20 de dezembro de 2022. São 152 ônibus de 44 diferentes linhas que passaram a circular pelos 3,8 km que iniciam no Terminal Morenão e terminam na Avenida Mato Grosso. As obras tiveram início em 2021 e a entrega foi adiada algumas vezes.

Nos dias úteis, a faixa exclusiva para o transporte coletivo deve receber 986 viagens, com expectativa de redução no tempo de percurso dos ônibus e de espera dos usuários.

A previsão foi feita pelos técnicos da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) diante da perspectiva que os ônibus não irão competir por espaço com outros veículos e ganharão velocidade.

Desde as obras, o corredor de ônibus da Rua Rui Barbosa, gerou críticas de motoristas, passageiros, pedestres e comerciantes. Seja pelos ‘pontões’ espalhados pela via ou pelo ‘estrangulamento’ do trânsito em uma rua estreita.

Dias após a inauguração, leitor do Jornal Midiamax registrou um fato: nem o próprio ônibus circulava no corredor de ônibus. Vale lembrar que a obra já custou mais de R$ 18,9 milhões dos cofres públicos.

Com as mudanças no trânsito impostas pela implantação dos corredores, os ônibus transitam à esquerda, que teve uma faixa exclusiva destinada para os coletivos. A ideia é que, com a faixa livre, o tempo de viagem dos ônibus diminua.

O Jornal Midiamax tentou contato com a empresa por telefone e encaminhou e-mail e não teve resposta. A reportagem também contatou advogado de defesa que consta nos autos, mas teve informação de que não atua mais no caso.

O espaço segue aberto para manifestação e posicionamento das partes envolvidas.