Bem de família oferecido como caução em aluguel é impenhorável, decide STJ
A 3ª Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) publicou acórdão no qual entende não ser possível a penhora de imóvel residencial familiar oferecido como caução imobiliária em contratos de locação. A decisão colegiada veio no julgamento de recurso especial contra acórdão do TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo) em caso no qual aposentado […]
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A 3ª Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) publicou acórdão no qual entende não ser possível a penhora de imóvel residencial familiar oferecido como caução imobiliária em contratos de locação. A decisão colegiada veio no julgamento de recurso especial contra acórdão do TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo) em caso no qual aposentado ofereceu imóvel em caução de contrato estabelecido entre duas imobiliárias.
Na ocasião, após serem identificados débitos relacionados ao imóvel locado, houve o ajuizamento de ação de execução contra o aposentado, que sustentou que a garantia prestada por ele no ato de locação foi a de caução imobiliária – a situação é diferente de fiança locatícia.
Na ação, o aposentado alegou que o objeto da garantia era bem de família, no qual morava com seus familiares. No acórdão recorrido, o TJSP consignou que a caução de bem imóvel no contrato de locação (artigo 37, inciso I, da Lei 8.245/1991) configura hipoteca, que é hipótese de exceção à impenhorabilidade, nos termos do artigo 3º, inciso V, da Lei 8.009/1990.
Para o colegiado, o rol das hipóteses de exceção à regra da impenhorabilidade do bem de família, previsto na Lei 8.009/1990, é taxativo. Em seu voto, a ministra relatora do processo, Nancy Andrighi, destacou que, de fato, a Lei 8.245/1991, ao inserir o inciso VII no artigo 3º da Lei 8.009/1990, estabeleceu que a penhora do bem de família será autorizada quando se tratar de obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação, acrescentando essa hipótese às outras já previstas.
Ela lembrou, entretanto, que entre as previsões não há menção à caução imobiliária, o que torna inviável a penhora do bem no caso em julgamento. “Como se sabe, as hipóteses de exceção à regra da impenhorabilidade do bem de família, previstas na Lei 8.009/1990, são taxativas, não comportando interpretação extensiva”, declarou a relatora.
A magistrada, ao citar precedente da Quinta Turma, ressaltou ainda que, por ser a expropriação do imóvel residencial uma exceção à garantia da impenhorabilidade, a interpretação das ressalvas legais deve ser restrita, em especial pelo fato de que o legislador optou de forma expressa pela espécie (fiança), e não pelo gênero (caução).
Quanto ao argumento adotado pelo TJSP em sua decisão, Nancy Andrighi salientou que a penhora do bem de família com base no artigo 3º, V, da Lei 8.009/1990 só é possível em caso de hipoteca dada em garantia de dívida própria, e não de terceiro, conforme jurisprudência já firmada pelo STJ. “Sequer poder-se-ia entender que a caução imobiliária prestada configuraria hipoteca, hipótese em que o benefício da impenhorabilidade não seria oponível”, afirmou a relatora.
(Com informações do STJ)
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