‘Me too’ pela culatra: risco de arrastão implicar mais gabinetes do que o desejado preocupa MS

Preocupação com risco de efeitos colaterais faz políticos e servidores de alto escalão torcerem para ‘me too’ não emplacar em Mato Grosso do Sul

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Me too em Mato Grosso do Sul pode arrastar muitos gabinetes e órgãos públicos (Ilustração, Web)
Me too em Mato Grosso do Sul pode arrastar muitos gabinetes e órgãos públicos (Ilustração, Web)

A tentativa de emplacar um ‘me too’ regional assusta poderosos de diversos gabinetes e órgãos públicos de Mato Grosso do Sul.

Em Campo Grande, o tema voltou a ser assunto com o vazamento recente de inquérito que investiga o ex-prefeito Marquinhos Trad, pré-candidato do PSD ao Governo do Estado, por assédio sexual.

Me too, que significa ‘eu também’, em inglês, é o nome dado a um movimento mundial de exposição de casos de assédio sexual nas redes sociais.

Uma das características que deu visibilidade ao movimento Me too foi o comportamento de manada.

Com muitos relatos aparecendo ao mesmo tempo, cada vez mais mulheres se sentiram seguras para denunciar casos de assédio sexual, muitas vezes com os mesmos autores.

Acontece que, segundo ativistas e militantes, na maioria dos órgãos públicos sul-mato-grossenses sobram situações que deveriam ser expostas, investigadas e punidas.

Os casos de violência doméstica, muitos terminando em feminicídio, mostram como a cultura machista é forte em Mato Grosso do Sul e reflete no tratamento das mulheres em ambiente profissional.

Me too em MS: ‘fogo’ em muitos gabinetes e órgãos públicos

Assim, muitos assediadores estariam perdendo o sono com o risco de um arrastão contra os predadores sexuais que sobram nas repartições públicas. Os casos se espalhariam por diversos órgãos estaduais e municipais, em todo Mato Grosso do Sul.

“Se emplacar um me too, esse vazamento, com interesse eleitoral ou não, derrubaria muita gente de todos os grupos políticos em MS”, torce servidora nomeada que atua em prédio pomposo do Parque dos Poderes.

Desde casos ‘leves’, como assessoras obrigadas a usar salto alto e saia justa pelo chefe que posa de religioso, até gabinete com suposto ‘matadouro’ usado por membros que se alternam na chefia de órgão mas mantém o perfil assediador, sobrariam relatos aterradores.

“E os casos de políticos que mantêm famílias paralelas? Aqui dentro tem muita ex-amante que ganhou nomeação e imóvel bem longe do Parque dos Poderes para segurar os escândalos… Tem até mulheres que foram obrigadas a abortar. Se todas resolverem abrir a boca, sobra pouco homem fora do me too por aqui”, conta servidora que sobrevive há mais de 3 décadas em gabinete parlamentar.

“Se a gente começar a listar os barracos com esposas de políticos após flagras de traição que já assistimos por aqui, já teríamos escândalo para umas duas eleições”, avalia.

Me too encorajou milhares de mulheres a denunciar assédio

Os milhares de relatos de abusos passaram a ser marcados com a hashtag #metoo, criada pela ativista Tarana Burke em 2006, no MySpace.

Milhares de homens, entre eles inúmeras celebridades, políticos, líderes religiosos e empresários tiveram o comportamento de predador sexual exposto e foram ‘cancelados’ nas redes sociais.

Em diversos países, alguns chegaram a ser punidos pela justiça, embora os casos de punição judicial ainda sejam desproporcionais ao volume de denúncias.

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