Por falta de provas, juíza absolve filho do governador do suposto roubo de propina em MS

Magistrada entendeu que depoimentos eram inconsistentes

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Governador Reinaldo Azambuja e o filho Rodrigo
Governador Reinaldo Azambuja e o filho Rodrigo

A juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna, da 4ª Vara Criminal de Campo Grande, inocentou Rodrigo de Souza e Silva, filho do governador Reinaldo Azambuja, das acusações de ser o mandante do suposto roubo de propina que seria paga ao corretor de gado José Ricardo Guitti Guimaro, o ‘Polaco’. Em sua decisão, a magistrada entendeu que a denúncia era inconsistente, sem provas concretas do envolvimento do réu no caso e acabou por absolvê-lo.

Contexto

Conforme já noticiado, o roubo teria ocorrido por volta das 15h30 do dia 27 de novembro de 2017, na rodovia BR-262. Ademir José Catafesta, de 62 anos, e o filho Lucas Medeiros Catafesta, de 23 anos, teriam saído de Aquidauana até Campo Grande, para buscar um malote com dinheiro a pedido de ‘Polaco’.

Luiz Carlos Vareiro, de 61 anos, o ‘Velho’, teria sido informado, segundo depoimento dele à Polícia Federal, por ‘pessoas ligadas ao governador Reinaldo Azambuja’, que as vítimas estariam com R$ 270 mil que seriam entregues ao corretor de gado.

Conforme apurado, os valores seriam referentes ao pagamento de propina, tendo em vista que ‘Polaco’ ameaçava delatar uma organização criminosa posteriormente denunciada pelo MPF (Ministério Público Federal) com base na investigação da PFl na Operação Vostok.

Sendo assim, ‘Velho’ teria convocado comparsas e ido atrás do carro em que estavam Ademir e o filho. Os réus ficaram monitorando as vítimas perto do aeroporto de Campo Grande, no acesso à BR-262. O veículo foi seguido e interceptado na rodovia, quando o malote com o dinheiro foi roubado. Houve denúncia imediata do assalto, mas nenhum suspeito foi localizado inicialmente.

Havia informações, inclusive, de que ‘Polaco’ deveria ser morto na ocasião. O arranjo não deu certo porque o corretor de gado desconfiou dos planos e mandou outra pessoa receber o dinheiro em seu lugar. O caso foi descoberto cerca de uma semana depois, com trabalho da Polícia Militar, oportunidade em que os envolvidos foram presos. 

Depoimentos e sentença

‘Velho’, principal envolvido, disse em seus depoimentos que teria recebido ordens de pessoas ligadas ao governador, especificamente o filho dele, Rodrigo. Disse que o objetivo era recuperar o dinheiro da propina entregue supostamente pelo filho do Governador e que o valor seria, parte dele, usado para pagamento dos criminosos envolvidos.

No entanto, a magistrada, ao avaliar os relatos de ‘Velho’, encontrou diversas inconsistências. “[…] No entanto, as diferentes versões apresentadas por Luiz Carlos, tanto na fase inquisitorial quanto em Juízo, evidenciam inúmeras contradições que acabam por fragilizar ainda mais o conjunto probatório, especificamente com relação à participação de Rodrigo no roubo”, explicou a juíza.

“[…] partindo da premissa da veracidade da referida extorsão por parte de ‘Polaco’ (fato diverso do retratado na denúncia, não cabendo a este Juízo qualquer julgamento), não guarda lógica pretender o denunciado remeter o dinheiro a ele e, ao mesmo tempo, simular um roubo, para subtrair o dinheiro por ele mesmo fornecido, segundo a tese da denúncia, dinheiro esse que teria como destino a partilha entre os executores do roubo, e não a restituição ao denunciado. E mais, se o dinheiro destinado a pagar ‘Polaco’ não chegasse a ele, tal fato não importaria certamente no término da mencionada extorsão”, concluiu ela ao absolver Rodrigo.

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