Testemunha que desmentiu depoimento nem falou de Puccinelli, diz promotor

Desencontros fragilizam denúncias da operação

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Desencontros fragilizam denúncias da operação

O promotor de Justiça Marcos Alex Vera, coordenador do Gaeco (Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado) afirmou em coletiva nesta terça-feira (16) que Fabiano de Oliveira Neves, guarda municipal que atuou como motorista de Alcides Bernal e Gimar Olarte, sequer citou o ex-governador André Puccinelli (PMDB) em seus depoimentos e disse não entender qual a razão da testemunha na Operação Coffee Break querer mudar o depoimento.

“Está parecendo conversa de bêbado, ou uma estratégia para tentar desqualificar a investigação. Mas este depoimento não é crucial e não é único no conjunto de provas que geraram o resultado das investigações. Portanto, não afetará a decisão da Procuradoria-Geral de Justiça”, disse Marcos Alex.

Segundo Fabiano, ele teria sido coagido pelo advogado Antonio Trindade a colocar “André” nos depoimentos, insinuando que ele faria parte da união de forças realizada para retirar Alcides Bernal da prefeitura de Campo Grande.

Entretanto, o único “André” citado por Fabiano nos depoimentos é o secretário-adjunto de Fazenda da administração do PMDB, André Luiz Cance. O guarda municipal teria procurado a Polícia Federal para prestar depoimento em relação a Operação Lama Asfáltica no dia 14 de setembro de 2015.

O delegado Marcos André Araújo Damato, que o ouviu, encaminhou o oficio 4110/2015 ao Ministério Público solicitando que o guarda também fosse ouvido pelo Gaeco na Coffee Break. “Então, a pedido, nós o ouvimos. E o depoimento dele é extremamente semelhante ao da Polícia Federal, até mais detalhado. Algo difícil de se fazer para quem está mentindo”, disse o promotor.

Outra informação negada por Marcos Alex foi a denúncia, também revelada em supostos áudios entre uma secretária do Gaeco e um advogado, de negar informações.

“Os advogados entraram com mandado de segurança para conseguir os depoimentos e já tinha sido concedido. Não teria cabimento eu ter dificultado ou negado algo que já estava em posse deles”.

O promotor disse ainda que acredita que a notícia pode ter sido plantada para tentar desestabilizar as investigações. “Não faz o menor sentido nada disso. Os termos de declaração são públicos e podem ser conferidos”, explicou. 

O caso

Fabiano, que procurou o Gaeco nesta terça-feira para tentar mudar seu depoimento, afirma que o fez porque não teve as promessas, supostamente feitas pelo prefeito Alcides Bernal (PP), atendidas.

“Eles (Bernal e Paulo Pedra, secretário de Governo) prometeram mudar a minha lotação para a Câmara Municipal e pagar a rescisão da minha mãe, Ivanir de Oliveira Souza, mas não fizeram. Estou sofrendo coações e, por isso, quero mudar meu depoimento”.

O advogado dele, Diogo Godoy, afirma que Ivanir era uma das diretoras do Instituto Mirim que foi exonerada e estaria sem receber até o momento. Godoy protocolou as supostas gravações e quer que o seu cliente seja chamado para refazer o depoimento nos próximos dias.

Para Marcos Alex, a mudança deve ser investigada. “Vou tentar entender o que está acontecendo e quais são as motivações para essa mudança. Caso tenha prestado falso testemunho, ele deve ser implicado. Configuraria corrupção passiva”.

Segundo o promotor, Fabiano também quer retirar do depoimento que teria visto Gilmar Olarte recebendo dinheiro do proprietário da Proteco Construções, João Krampe Amorim dos Santos. “Fabiano disse nos autos que viu Gilmar saindo da casa do empresário com um envelope tamanho A4, possivelmente com dinheiro. Não disse que era mesmo dinheiro”, afirmou. 

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