Ministro da Fazenda descarta ligação com controladora do grupo JBS

Ele afirma que ao voltar para o governo, se desligou do grupo

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Ele afirma que ao voltar para o governo, se desligou do grupo

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, descartou qualquer ligação com as empresas da J&F Participações, holding proprietária do grupo JBS. Uma das empresas da holding, a Eldorado Celulose, é alvo da nova fase da Operação Lava Jato.

Segundo o ministro, ao voltar para o governo, ele se desligou do grupo antes de chegar a Brasília. “Eu fui do conselho de diversas entidades [no passado]. Neste caso, era o conselho consultivo, objeto de consulta. Não tenho mais nada com nenhuma dessas empresas. Em todas [empresas na qual foi ligado] fui convidado e aceitei, mas fiz contratos de encerramento”, disse nesta sexta-feira (1º), em entrevista à Rádio Estadão.

A empresa Eldorado Celulose é um dos alvos da fase da Operação Lava Jato deflagrada hoje (1º). O escritório da companhia, na Marginal Tietê, zona oeste paulistana, está sendo vasculhado por agentes da Polícia Federal.

A empresa é controlada pela J&F Participações, holding (empresa que detém a posse majoritária de ações de outras empresas) que é proprietária do grupo JBS, dono da Friboi. Antes de assumir o Ministério da Fazenda, Meirelles presidia o Conselho de Administração da J&F, dona do Banco Original, JBS, Vigor. Em 2012, a convite do presidente do conselho de administração da JBS, Joesley Batista, Meirelles chegou a assumir o conselho consultivo da holding.

Meirelles destacou que, ao assumir um cargo público, encerrou todas as ligações com o setor privado “da mesma maneira quando assumiu o Banco Central, em 2003”. Na ocasião, o ministro deixou o BankBoston, instituição na qual trabalhava há 28 anos. Empresa que, destacou, ingressou desde que saiu da faculdade e chegou durante a carreira a ser presidente mundial da instituição. Meirelles afirmou ainda que deixou sem problemas as relações com o Bank Boston, onde tinha vínculos maiores, da mesma forma que deixou outras empresas das quais teve participações.

“Em resumo: um processo normal, rigoroso e feito com todo o cuidado. Com toda a atenção, como eu sempre faço e sempre estando preparado, com dedicação integral, ao setor público e sem nenhum vínculo com o setor privado”, enfatizou.

Sobre a Operação Lava Jato, Henrique Meirelles disse que é um processo absolutamente relevante, saudável e importante para a economia brasileira. “Tenho destacado há muito tempo que o que é forte no Brasil, hoje, são, cada vez mais, as suas instituições. Seja o Judiciário, seja o Legislativo, seja o Ministério Público, seja o Executivo. O que está claro, no Brasil, é a independência das instituições e a imprensa livre. Na minha opinião, isso é que dá força para acreditarmos no futuro do Brasil”, declarou. “Independentemente de questões específicas e de operações específicas. O que vai concluir ou o que não vai concluir. Quem é culpado, que não é. Quem vai ser punido ou não”, acrescentou.

Meirelles disse que, mesmo que haja problemas de curto prazo para companhias específicas, com a operação, o mais importante é que tudo seja esclarecido e, mais do que isso, que as instituições brasileiras saiam fortalecidas. “Se analisarmos a história, vamos ver que aquele país que tem instituição fortes , é aquele país que a longo prazo cresce. Portanto, neste aspecto, acredito na força, no bom funcionamento das instituições brasileiras”, afirmou.

Durante a entrevista, o ministro voltou a defender as mudanças que o governo tem proposto para a economia, como o teto para o limite de gastos da União e da extensão da proposta para os estados, que renegociam suas dívidas com o governo federal. Meirelles destacou mais uma vez a importância de metas fiscais realistas para que as agentes econômicos possam aumentar cada vez mais a confiança, os investimentos e o consumo cresça. Meirelles foi questionado sobre o esforço do governo para equilibrar a economia e as demandas políticas sem afetar as contas públicas.

“O que existe foi, em primeiro lugar, é a fixação realisticamente da meta de resultado primário de 2016. Posteriormente, a emenda ao Congresso Nacional da limitação do crescimento das despesas públicas para os anos seguintes ao máximo da inflação”, disse. De acordo com Meirelles, definida a prioridade e o ponto básico do que é a política econômica, todas as demais negociações “têm que ser sujeitas a esse limites”.

Previdência Social

Sobre a proposta da reforma da Previdência, o ministro da Fazenda disse que a intenção do governo é enviá-la o mais rápido possível ao Congresso Nacional. “A expectativa é concluir as mudanças antes de outubro, disse, em entrevista à Rádio Estadão. “Espero que seja antes das eleições municipais. Porque é importante que a reforma da Previdência seja, de fato, levada ao conhecimento e negociada com os diversos setores da sociedade para ter condições, de fato, de ser aprovada pelo Congresso. Temos que levar em conta que reformas da previdência não são objetos de negociações simples ou atos de rápidos unilaterais do Executivo ou do Legislativo em nenhum país do mundo”, afirmou.

O ministro ressaltou que mais importante do que discutir a idade mínima a ser adotada para as aposentadorias é o cidadão ter a garantia de que irá receber sua aposentadoria no futuro. De acordo com o governo, o déficit da Previdência para este ano é estimado em R$ 136 bilhões e, no ano que vem, pode ficar próximo dos R$ 170 bilhões.

Se nada for feito, segundo a área econômica, o sistema não se sustentará ao longo dos próximos anos, com o envelhecimento da população. A idade média de aposentadoria no país é de aproximadamente 58 anos. O problema não é só no Brasil. Os países europeus, por exemplo, tiveram que elevar a idade mínima para as aposentadorias.

Existem várias discussões sobre a reforma, incluindo uma idade mínima para se ter o direito à aposentadoria, que também poderia ser de 65 anos tanto para os homens como para as mulheres. Não há, ainda, uma definição sobre a idade, mas um grupo de trabalho, que inclui centrais sindicais, está discutido o projeto a ser enviada ao Congresso Nacional.

O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), por exemplo, é um dos que têm declarado ser contra a alteração da idade mínima para a aposentadoria. Entre as entidades ligadas a trabalhadores que participaram de reunião realizada esta semana estavam a Força Sindical, a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSP), a União Geral dos Trabalhadores (UGT) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Nessa quinta-feira (1º) o governo reduziu de 50 para seis o número de integrantes do grupo de trabalho que discute a reforma da Previdência Social. Segundo o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, o objetivo é garantir o entendimento após os impasses que ocorreram durante os debates.

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