Ex-ministro teria recebido R$ 15 milhões em propinas

Tido como o ‘homem forte’ do primeiro governo do ex-presidente Lula, o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, foi condenado nesta quarta-feira (18) a 23 anos e 3 meses de prisão pelo crime de corrupção ativa, como decorrência da Operação Lava Jato.

Esta foi a primeira condenação de Dirceu no âmbito da Lava Jato. Ele é acusado de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e por integrar organização criminosa nos desvios da Petrobras, e teria recebidos dinheiro de contratos superfaturados da empreiteira Engevix.José Dirceu recebe 1ª pena da Lava Jato: 23 anos de prisão por corrupção

De acordo com o BuzzfeedBrasil, o juiz Sergio Moro considerou suficientes para condenação as provas de que o ex-ministro recebeu ao menos R$ 15 milhões de propinas oriundos dos desvios de contratos da Petrobras.

 “O mais perturbador, porém, em relação a José Dirceu de Oliveira e Silva consiste no fato de que recebeu propina inclusive enquanto estava sendo julgado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal a Ação Penal 470 [o julgamento do mensalão], havendo registro de recebimentos pelo menos até 13 de novembro de 2013. Nem o julgamento condenatório pela mais Alta Corte do País representou fator inibidor da reiteração criminosa, embora em outro esquema ilícito. Agiu, portanto, com culpabilidade extremada”, pontuou Moro em sua decisão.

Dirceu já estava preso por ordem do próprio Moro. O petista já havia sido condenado a quase oito anos  de prisão no julgamento do ‘mensalão’. Além dele, segundo o BuzzfeedBrasil, foram condenados o irmão e sócio de Dirceu na JD Consultoria, Luiz Eduardo de Oliveira, a 8 anos e 9 meses de prisão, o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, a 10 anos de prisão, e o tesoureiro afastado do PT João Vaccari Neto, a 9 anos de prisão.

Outro condenado, um lobista que seria ligado ao ex-ministro, Fernando Moura, foi condenado a 4 anos de prisão, mas teve a pena reduzida porque decidiu colaborar com as investigações assinando termo de delação premiada.

A Engevix, de propriedade dos irmãos Milton e José Adolfo Pascowitch, teriam pago falsos serviços de consultoria a Dirceu. A dupla também assinou um acordo de delação, além de aceitar devolver R$ 40 milhões que foram desviados de contratos superfaturados com a Petrobras, e tiveram a condenação reduzida a prisão domiciliar.

A defesa de José Dirceu afirmou que o ex-ministro foi alvo de mentiras de delatores da Lava Jato, dentre eles, Renato Duque, nomeado pelo petista para Diretoria de Serviços da Petrobras, e que ele não foi beneficiário das propinas desviadas de contratos com a estatal.