Toma lá, dá cá: vereadores mantêm pé na Prefeitura e posição dúbia sobre Olarte

Vereadores que têm raízes na periferia escutam reclamações, mas continuam apoiando Olarte

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Vereadores que têm raízes na periferia escutam reclamações, mas continuam apoiando Olarte

“Satisfeito eu não estou”, declarou Delei Pinheiro (PSD). “Não vejo resultado concreto”, reclamou Chocolate (PP).  “Vou fazer uma visita para ele e dizer o que não está bom. A Câmara fica até em uma situação difícil por dar apoio a ele”, justificou Carlão (PSB). “Precisa fazer pelo menos o café com leite”, opinou Airton Saraiva (DEM). “Como vou fiscalizar se não sei o que está sendo feito?”, indagou Paulo Siufi (PMDB).

O leitor mais desatento poderia pensar que os comentários feitos por vereadores partiram da oposição a Gilmar Olarte (PP). Mas, curiosamente, são todos da base de sustentação do prefeito, que continua a apoiá-lo, mesmo trocando alfinetadas. Isso porque eles estão divididos entre criticar Olarte nas sessões comunitárias, quando a população reclama de abandono, e continuar sendo favorecidos em pedidos pessoais.

Há um ano o prefeito de eleito em Campo Grande, Alcides Bernal (PP), era cassado pelo voto de 23 dos 29 vereadores. Daquele dia até hoje muita coisa mudou, inclusive na relação entre o novo prefeito e os 23 vereadores, mas uma coisa continua intacta, a prioridade aos interesses pessoais em detrimento do coletivo.

A individualidade continua partindo do Poder Executivo, onde Olarte mantém amigos, como Valtemir de Brito na Secretaria de Obras, e Eneias de Carvalho, filho do amigo Raimundo Nonato (que pediu a cassação de Bernal), na Empresa Municipal de Habitação, e Rodrigo Pimentel como secretário de Governo, ainda que a própria base reclame da atuação dele. “Agora vai tirar como?”, questionou um dos líderes da oposição quando Bernal era cassado e que é um dos maiores defensores de Olarte.

A resposta do vereador explica o quanto estes interesses particulares dificultam a vida da sociedade e dos próprios parlamentares, que estão divididos entre ficar do lado do eleitor ou da pouca contribuição para que garantam votos, ainda que o coletivo fique prejudicado.

Vereadores que alegam ter raízes mais na periferia continuam apoiando Olarte, ainda que chovam reclamações em todas as sessões itinerantes da Câmara, como no Rouxinois e Vila Bordon, onde a população protestou contra o abandono.

A equipe de reportagem questionou os vereadores sobre o que faz eles se manterem firmes na base de sustentação do prefeito, ainda que escute grande parte da população reclamando e foi informada que Olarte está atendendo aos pedidos feitos por eles, ainda que concordem que a situação não é nada favorável.

 “Das 80 solicitações que faço, 40 são atendidas, para instalação de quebra-mola, troca de lâmpada, cascalhamento. O que não é atendido eu vou até o secretário para tentar acelerar. A população quer ação rápida, mas muita coisa foi feita, como o Hospital da Criança e a ambulância social, que são ações positivas. São muitas coisas positivas. Já passou da experiência e agora ele vai começar a destravar tudo o que está travado”, justificou Coringa (PSD), que demonstra satisfação ao ser atendido em metade das solicitações feitas. Ele é um dos vereadores que conseguiram emplacar aliados na gestão de Olarte, com destaque para a responsável pela Coordenadoria da Juventude.

Outro vereador que se diz satisfeito com Olarte é Delei Pinheiro. Ele afirma que o prefeito tem atendido às solicitações no setor onde ele mais atua: regularização fundiária e construção de novas moradias. “Tenho liberdade para trabalhar dentro do meu segmento, que é regularização fundiária. Nos últimos dias foram mais de 200 áreas. Temos três projetos para garantir 784 apartamentos. No meu segmento, onde trabalho, as coisas estão caminhando”, afirmou. Delei também foi agraciado por Olarte, indicando comandante da Agência Municipal de Habitação.

Além dos já citados, outros vereadores e partidos ocupam espaço na gestão de Olarte. Paulo Siufi indicou Dr. Jamal para a Saúde e Lilian Maksoud para o IMPCG. Edil Albuquerque (PMDB) é líder do PMDB e tem o comando da Sedesc. Dr. Loester (PMDB) alega que é da base porque é suplente e chegou ao mandato porque Olarte promoveu Jamal. O DEM, de Airton Saraiva, ocupa a Agência de Regulação e o PTdoB, ainda que diga que não são indicações do partido, ocupa a Funsat e a Agetran.

 Em dúvida

Os que não têm indicados diretos, pelo menos oficialmente, ainda estão em dúvida sobre que posição tomar. Este é o caso do vereador Chocolate, que chegou a ser oficializado como vice-líder de Gilmar Olarte.

“Tenho visitado os bairros e postado no Facebook. Falta cascalhamento, patrolamento… Temos falado sempre. Por que não faz? Não sei. Até entoa estou tentando ajudar. Até o momento estou na base, mas semana que vem posso mudar, porque não vejo resultado concreto”, declarou.

O vereador Carlão é outro que está dividido entre ouvir o clamor popular e tomar uma atitude mais enérgica. Ele diz que não sabe se o fato de ele ir para oposição poderá mudar alguma coisa. “Se eu for para oposição vai melhorar? Posso cobrar na base. O vereador quer o bem da cidade, mas qual a saída? A Câmara não pode agir sem processo de cassação e não tem processo”, concluiu.

A reclamação dos vereadores, contrastada com a pouca energia para fazer cobrança, deixa a situação cômica, se não fosse trágica. Questionado sobre as reclamações dos vereadores, Olarte ignorá-los, dizendo que tudo está bem. “Hoje muito bom a situação co vereadores. Nunca houve problema. O que há, às vezes, é divergência no campo das ideias. A gente não tem dificuldade do diálogo e quando a gente conversa e  busca o entendimento, continua redondo”, declarou Olarte.  Com esta mesma calma, fez nesta quarta-feira (11) a mesma promessa feita há pelo menos quatro meses. “Nos próximos meses Campo Grande estará um canteiro de obras”, concluiu.

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