Campeões em receber doações, deputados de MS se dividem sobre dinheiro privado
‘Amor remunerado’ e corrupção pautaram votação
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‘Amor remunerado’ e corrupção pautaram votação
O financiamento privado de campanha ainda não é consenso na bancada federal de Mato Grosso do Sul. Aprovado em primeira votação após manobra do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que colocou duas vezes o assunto na pauta, a maioria defende o financiamento de campanhas milionárias por empresas privadas .
Os deputados Carlos Marun (PMDB), Elizeu Dionizio (Solidariedade), Geraldo Resende (PMDB), Mandetta (DEM) e Tereza Cristina (PSB) votaram a favor do projeto de Russomano. Os deputados Zeca (PT), Vander (PT) e Dagoberto (PDT) foram contrários. Todos os eleitos e suplentes estão entre os dez que mais arrecadaram dinheiro privado na campanha.
Um dos defensores, Geraldo Resende, o segundo eleito com o menor gasto (R$ 751.500,00, perdendo apenas para Márcio Monteiro R$ 693.038,50 – eleito deputado, mas que deixou a Câmara para ser secretário estadual) avalia que é impossível, nos moldes atuais, se eleger sem o financiamento.
“É a única forma de manter o custo exagerado na disputa eleitoral do país. Falar em financiamento público de campanha, com esta crise, causa repulsa enorme no povo brasileiro. Custa caro contratar cabos eleitorais”. Para Resende, uma solução é erradicar a prática.
Segundo o deputado, é preciso mudar os moldes da campanha, exatamente o que estava pautado para a reforma, mas que não aconteceu. “É preciso construir um mecanismo mais explícito para a transparência na doação. Para isso, precisamos de uma reforma política em um novo momento, não em um conturbado como este, para rediscutir esses pontos”.
O deputado disse ainda que a discrepância nas doações se deve ao fim dos voluntários. Militantes partidários que trabalhavam por acreditar nas propostas do partido. “Vão falar do voluntariado, mas isso não existe mais. O PT hoje é a militância do amor remunerado. Todos os partidos acabam com a militância desenvolvida para trabalhar na campanha. Existe até contratação de líderes religiosos, muito vigente nos dias de hoje. São raras as instituições que não se envolvem na política”.
Considerada a porta da corrupção, a doação de empresas, principalmente empreiteiras, garantem contratos com a administração eleita. Tanto que muitas empresas doam para vários partidos ao mesmo tempo, geralmente os mais cotados nas pesquisas eleitorais. Na disputa à Presidência, as empreiteiras envolvidas no escândalo da Petrobras, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvao e Norberto Odebrecht doaram tanto a Dilma Rousseff (PT) quanto a Aécio Neves (PSDB).
Zeca do PT, com a quinta maior arrecadação entre os eleitos (R$ 1.298.970,44), votou com a bancada do partido, contra o financiamento privado. Para o parlamentar, é preciso diminuir o gasto com a campanha política a votação era a oportunidade para a mudança.
“O financiamento privado de campanha é a raiz para a corrupção. É preciso democratizar a disputa eleitoral sem o dinheiro de empresas privadas, para que todos tenham oportunidade de concorrer. Quem defende o investimento de empresas é quem precisa comprar voto, então está mesmo longe de mudar essa realidade”. O deputado destaca que foi o mais votado (160.556 eleitores) e que teve um dos menores gastos.
A polêmica do financiamento, que ainda deverá ser aprovada no Senado e sancionada pela presidente, ainda passa pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Proposto pela OAB, o processo está parado nas mãos do ministro Gilmar Mendes desde abril de 2014.
Ele interrompeu o julgamento do caso com um pedido de vista, quando a maioria dos colegas da Corte já havia decidido pela proibição das doações feitas por empresas.
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