Puccinelli tenta convencer prefeitos de que Bernal é culpado por brigas em Campo Grande

O governador André Puccinelli (PMDB) não perde a oportunidade de tentar enfraquecer adversários políticos. Em evento com prefeitos e bancada federal em Campo Grande, a vítima da vez foi o prefeito de Campo Grande Alcides Bernal (PP). Se passando por bom moço, Puccinelli disse aos prefeitos e vereadores que tenta ajudar, mas é atrapalhado pelo […]

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O governador André Puccinelli (PMDB) não perde a oportunidade de tentar enfraquecer adversários políticos. Em evento com prefeitos e bancada federal em Campo Grande, a vítima da vez foi o prefeito de Campo Grande Alcides Bernal (PP).

Se passando por bom moço, Puccinelli disse aos prefeitos e vereadores que tenta ajudar, mas é atrapalhado pelo temperamento de Bernal. “Até tento apaziguar, mas esse é mais coiceiro do que o André”, alfinetou.

Embora diga que tenta ajudar, o governador vive metendo, como ele mesmo costuma dizer, o bedelho na Câmara de Campo Grande, o que implica diretamente na administração de Bernal. O último exemplo foi a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada na Câmara para investigar irregularidades no Hospital do Câncer e no Hospital Universitária.

Na véspera de montar a comissão, Puccinelli, acompanhado do ex-prefeito Nelsinho Trad (PMDB), reuniu-se com 14 vereadores na casa do presidente da Câmara, vereador Mário César (PMDB). No dia seguinte, o grupo chegou a presidência e relatoria da CPI, com o ex-líder do prefeito, Flávio César (PTdoB), e a afilhada de Puccinelli, Carla Stephanini (PMDB), respectivamente.

O prefeito Alcides Bernal protestou contra o comportamento de Puccinelli e Nelsinho ao tentar comandar os trabalhos da CPI, assim como se intrometeram na eleição da Mesa Diretora, no começo da legislatura. “Isso demonstra que, lamentavelmente, a Câmara está instrumentalizada pelo ex-prefeito e pelo governador”, criticou.

Puccinelli foi o responsável por colocar Mário César na presidência. A época, disse que não “meteria o bedelho”, mas depois reuniu vários vereadores para fazer campanha para Mário. Ele chegou a chamar Edil Albuquerque (PMDB) e Mário em um canto, durante reunião do PMDB, para dizer que eles teriam que chegar a presidência porque seriam os únicos que tinham “culhão” para segurar Alcides Bernal na Câmara.

Com a campanha feita, Puccinelli visitou a Câmara no dia da votação, o que causou revolta no vereador Zeca do PT, que avaliou a presença como intimadora para aliados e chegou a sugerir que ele se retirasse do local. Após a eleição, Puccinelli visitou a Câmara em outra oportunidade, quando se reuniu com Mário e Paulo Siufi (PMDB). Porém, a conversa não foi revelada.

A briga entre vereadores ligados a Puccinelli e Nelsinho Trad começou na campanha eleitoral, quando as sessões da Câmara viraram palanque. Após a derrota de Edson Giroto (PMDB), os vereadores começaram a amarrar o prefeito, congelando, de forma inédita, o IPTU, e reduzindo de 30% (que era liberado para Puccinelli e Nelsinho), para 5% o percentual de suplementação. Após isso, a situação só piorou.

Recentemente, os vereadores até ensaiaram uma paz com o prefeito, com um discurso de Mário César pedindo a paz entre o Poder Executivo e Poder Legislativo. Porém, poucos dias depois, os vereadores apresentaram relatório de uma oitiva com secretários e anunciaram que podem pedir a cassação de Bernal, que classificou a ideia como uma tentativa de zombar da inteligência da população e desviar o foco das investigações sobre irregularidades na Saúde.

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