UCDB pode sofrer retaliação por fazer questão sobre “curral eleitoral de Puccinelli”

A questão “melindrosa” trata de reportagem da revista Veja e fazia parte do Desafio UCDB; reportagem apurou que o governador teria reagido contra a Universidade

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A questão “melindrosa” trata de reportagem da revista Veja e fazia parte do Desafio UCDB; reportagem apurou que o governador teria reagido contra a Universidade

Uma questão da prova Desafio UCDB, aplicada no domingo (21), cita matéria do colunista da revista Veja, Augusto Nunes, sobre coronelismo do governador André Puccinelli (PMDB). O texto tem como base o vídeo divulgado pelo Midiamax, em que Puccinelli aparece anotando a opção de voto dos servidores.

Segundo fonte que preferiu não se identificar, o governador teria se irritado e procurado o reitor José Marinoni, prometendo cortar investimentos estaduais da Universidade.

A questão de número 31 abre o questionamento dizendo: “Veja o governador de Mato Grosso do Sul em ação no seu curral eleitoral urbano”, apontando que Puccinelli acaba de inaugurar a versão 2012 do velho “curral eleitoral”.

A expressão é utilizada por historiadores brasileiros para designar o período da República Velha (resposta B) e a malfadada reunião do líder peemedebista serve como contexto, já que é o fato mais recente e próximo a realidade dos estudantes sul-mato-grossenses. A reportagem de Nunes foi publicada no dia 21 de agosto de 2012, em seu blog na internet.

Com a questão, a UCDB mostra que tem não só a intenção de cobrar conteúdos ou testar o raciocínio e interpretação dos candidatos, mas também busca educar por meio de fatos, visando posturas politicamente corretas do dia-a-dia dos estudantes.

Segundo fonte que pediu para não se identificar por medo de retaliações, a questão teria gerado mal-estar na alta cúpula governista e o governador Puccinelli teria procurado Marinoni.

Entre outras retaliações, o chefe do executivo teria prometido cortar todo e qualquer investimento para a UCDB. Para garantir idoneidade no caso, a cabeça do professor de História, Carlos Augusto Ferreira De Oliveira, estaria em jogo.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Universidade. Contudo, não obteve resposta até o fechamento desta reportagem.

Voto de Cabresto

A origem do “voto de cabresto” vem do período da República Velha (1889-1930), época em que o voto era aberto no Brasil e os coronéis mandavam seus capangas para os locais de votação, para intimidar eleitores. As regiões controladas politicamente pelos coronéis eram conhecidas como currais eleitorais e nestes locais o coronel oferecia ao eleitor trabalho, dinheiro e moradia para votar em seu indicado.

Segundo a Wikipédia (enciclopédia on-line), atualmente a expressão é utilizada para definir forte intimidação e pressão a eleitores. A Wikipédia ressalta ainda que “qualquer recompensa ou ameaça é proibida por Lei, conforme artigo 301 do código eleitoral, que prevê pena de até quatro anos.

Lei nº 4.737 de 15 de Julho de 1965

Art. 301. Usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em determinado candidato ou partido, ainda que os fins visados não sejam conseguidos: Pena – reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa.”

Prova da UCDB traz assuntos atuais e contextualiza alunos a realidade sem máscaras

A prova aplicada pela UCDB traz assuntos atuais que vêm sendo discutidos pelas mais altas autoridades do país. Entre eles estão o conflitos de terras e trabalho escravo. Também, aponta que Mato Grosso do Sul lidera o ranking de assassinatos indígenas no Brasil.

A questão 29 aponta os conflitos indígenas na fronteira com o Paraguai, onde fazendeiros e índios disputam terras em meio a polêmica da demarcação de terras, que vem sendo discutida há longos anos pelo Congresso Nacional e entidades representativas dos direitos indígenas.

Já o trabalho escravo, é outro problema bastante discutido, ao lado do trabalho infantil. A prova traz a informação de que MS foi o recordista em território nacional, registrando 1.322 dos 3.882 trabalhadores e trabalhadoras envolvidos em 218 denúncias em todo o Brasil.

O MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) aponta que Mato Grosso do Sul é o segundo no país que mais explora mão-de-obra análoga a escrava no país, em especial a de trabalhadores indígenas. Além disso, o MTE divulgou relatório em julho de 2012, indicando a existência de 20 pessoas, entre físicas e jurídicas, explorando mão de obra análoga as condições de escravidão no Estado.

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