O Conselho de Sentença do Tribunal do Júri de Paranaíba decidiu pela condenação de 31 anos e cinco meses a José Luís da Silva, 25 anos, acusado de tentativa de feminicídio contra a ex-companheira Iracilda da Conceição Feitosa, no dia 13 de novembro de 2021, em frente à residência da vítima, no Jardim América.

Depois de cinco horas de julgamento, de acordo com o Tribuna Livre, o juiz de direito Edimilson Barbosa Ávila anunciou a pena total de 31 anos e 170 dias de prisão, em regime fechado, pelos crimes de tentativa de feminicídio e incêndio na residência da vítima.

Os sete membros do corpo de jurados ouviram a denúncia oferecida pelo promotor de justiça Leonardo Dumont Palmerston e as argumentações da defesa conduzida pelo advogado Gabriel Carvalho.

Arrolada como testemunha, a vítima relatou que vivia uma relação muito conturbada com o autor. “Não sabia nada da vida dele e só depois descobri que tinha passagem pela polícia. Ele ficava muito agressivo quando começava a beber. Era um dia bom, outro dia ruim, parecia uma montanha russa”, comparou.

A vítima, ainda segundo o site local, contou que foi agredida várias vezes, com registros de boletins de ocorrência, uma vez que o autor não aceitava o fim do relacionamento.

Na noite da tentativa do crime, o réu teria procurado a vítima na saída do trabalho, tentando mais uma vez a reconciliação. Como não foi atendido, decidiu esperá-la em frente à sua residência no Jardim América.

Com a recusa da ex-companheira em conversar, o réu a empurrou e, de imediato, desferiu golpes de faca, atingindo o antebraço e o pescoço várias vezes, conforme comprovam documentos anexados aos autos.

Em seu depoimento, Iracilda conta que quando sentiu a primeira facada reagiu e rolou no meio da rua com o agressor. “Não senti o corte no pescoço, mas o braço parecia uma torneira jorrando sangue”, assinalou.

Após desferir os golpes, o autor fugiu em sua bicicleta deixando a ex-companheira gravemente ferida na via pública. A vítima conseguiu chamar um vizinho que prestou socorro levando-a para a Santa Casa de Paranaíba.

Devido à gravidade da situação, Iracilda foi removida para a UTI da Santa Casa de Campo Grande, onde escapou da morte, por sorte, como foi constatado nos autos.

Como seria transferida para Campo Grande, os policiais foram até sua residência para pegar o aparelho celular, quando verificaram que o local tinha sido incendiado.

Trabalhando em dois empregos, com filho de 10 anos e duas filhas de 6 e 5 anos, a vítima ressalta que perdeu tudo quando o ele colocou fogo na casa.

“Havia R$500 em dinheiro, roupas novas ainda etiquetadas, geladeira que custou R$4 mil, que ainda estava pagando, fiquei sem fogão, sem nada. Meus filhos ficaram sem roupas, sem calçados. Foi uma perda financeira, perda moral, física e emocional”, revelou.

A mãe do réu, Juscelina Pereira da Silva, em seu testemunho, confirmou que o filho usava drogas e “tinha o maldito vício da bebida”. Ela conta que desde criança o filho assistia às agressões que ela sofria por parte do pai, mas sempre foi trabalhador e nunca roubou.

Em seu depoimento, o réu afirmou que naquela noite bebeu muito e usou cocaína, não lembrando de nada do que aconteceu. “Só acordei com a polícia batendo na janela”, informou.

O promotor de justiça Leonardo Dumont Palmerston apontou o motivo fútil, em razão do réu não aceitar o fim do relacionamento. O crime foi cometido mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. Para o promotor, o crime foi praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, uma vez que o casal manteve relacionamento conturbado, com episódios de agressões e ameaças.