Os dois homens, de 30 e 20 anos, presos por sequestrarem, manterem em cárcere e roubarem um casal de bancários de Campo Grande, levariam o cartão roubado para a Paraíba para cometer outros crimes, como transferir dinheiro de pessoas mortas, por exemplo, segundo disse um deles, durante depoimento no Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros).

O crime aconteceu na manhã de segunda-feira (9). A vítima, um gerente, 47 anos, de uma agência bancária na Avenida Júlio de Castilho, contou que foi chamado pela manhã pela namorada para ir até a casa dela onde um animal de estimação havia sido atropelado. Ao chegar no local foi abordado pelos dois bandidos que pediam pelo cartão Token, usado para validar transações.

O funcionário, que trabalha no local há 12 anos, disse que o cartão estava na agência, então um dos bandidos o levou até o local enquanto o comparsa ficou na residência com a esposa, inclusive a ameaçou de morte, caso a polícia fosse acionada. Na agência, o gerente entrou e foi direto até sua mesa e pegou o cartão. Quando saia, conseguiu avisar outros dois gerentes sobre a situação e disse que não poderia dar mais detalhes, pois o criminoso o aguardava do lado de fora.

O bandido e a vítima retornaram para a residência. O criminoso ainda obrigou o funcionário a gravar um vídeo dizendo que estava autorizando a entrega do cartão e que não estava sendo ameaçado. Depois o bandido, conhecido como ‘El Tanque’, foi para o aeroporto onde embarcaria rumo a Paraíba. O comparsa ficou mantendo as vítimas em cárcere na residência até que o comparsa voltasse, em uma viagem de ida e volta no mesmo dia.

Pouco tempo depois, a polícia chegou na residência e prendeu um dos criminosos.

O funcionário explicou que o bandido chegou a dizer que o cartão seria utilizado para transferir dinheiro de pessoas mortas. Disse ainda que mesmo com o cartão, para qualquer transação, deveria ser feita em um sistema interno do banco e que ainda assim, precisariam de outro cartão do supervisor, para tal autorização.

‘Ato de desespero’

O criminoso, ‘El Tanque’, de 30 anos, contou em depoimento de que foi ameaçado para que cometesse o crime. Ele disse que abriu uma conta na agência bancária há 30 dias, e que cerca de três dias depois recebeu uma ligação via WhatsApp de um número desconhecido, de um homem que se apresentou sendo morador da Paraíba. O questionou se seria ‘El Tanque’ e ele respondeu que sim e então lhe fez a proposta.

À polícia, o homem contou que se negou, momento em que o desconhecido desligou o telefone e passou a mandar mensagens ameaçadoras, incluindo fotos da esposa, mãe e filho do autor. Disse ainda que por ter perdido totalmente a sua segurança aceitou fazer em um ‘ato de desespero’.

Ele explicou que ao sair de uma tabacaria com a esposa, e entrando em um carro de aplicativo, foi abordado por um indivíduo que lhe entregou um simulacro e um aparelho celular antigo. Em seguida, recebeu uma ligação do homem dizendo que havia descoberto o endereço do gerente do banco e lhe enviaria por mensagem. Disse ainda que era para ele encontrar um comparsa para ajudá-lo e por isso chamou o ‘Gordinho’. O criminoso receberia R$ 10 mil pelo serviço.

Pela madrugada, cerca de 4h, pegou carona com um amigo que é motorista de aplicativo que deixou a dupla em frente a uma casa. Lá eles ficaram aguardando movimentação até as 6h, quando notaram que o carro saia da garagem. Eles então fizeram a abordagem e perceberam que era uma mulher.

A vítima se identificou como esposa do gerente do banco e eles a mandaram ligar e pedir para que ele fosse até o local, inventando uma história.

Ao chegar no local foi rendido também e questionado sobre o cartão de acesso.

Após levá-lo até a agência e pegar o cartão, disse que deixou o casal com o comparsa na casa e foi para o aeroporto para levar o cartão até Paraíba, porém só tinha passagem para as 18h40. Ele então foi para a casa e ficou aguardando, quando acabou preso na própria residência.

Já o comparsa, contou para a polícia que mora na rua e que conheceu o comparsa há 3 meses. O colega teria perguntado se ele queria ganhar dinheiro e diante da resposta afirmativa, contou que envolveria o gerente de um banco.

Segundo o relato dele à polícia, o comparsa teria dito que o gerente sabia da situação, e que seria uma espécie de estelionato.

A dupla passou por audiência de custódia e tiveram a prisão em flagrante convertida em preventiva.

A polícia ainda requereu acesso a informações do aparelho celular dos acusados para dar continuidade nas investigações.