Os primeiros três meses de 2023 foi marcado por diversos tipos de crimes em todo o Estado. Os maiores números de registros policiais são por furto, violência doméstica e estelionato, mas ainda há crimes graves como 115 casos contra a vida, envolvendo homicídio doloso, feminicídio, latrocínio (roubo, seguido de morte) e lesão corporal dolosa seguia de morte.

Nos três primeiros meses do ano, Mato Grosso do Sul registrou 21.487 mil crimes. As estatísticas são do balanço da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública).

Dos crimes contra a vida, há casos de grande repercussão e comoção. Os feminicídios principalmente, como o caso da servidora da prefeitura Albynna Freitas Ribas Luiz Gonçalves, de 49 anos, que morreu no mesmo em dia em que fazia aniversário. Ela foi brutalmente assassinada pelo ex-marido no dia 28 de fevereiro no Bairro Nova Lima em . O homem foi preso em flagrante.

Ele a seguiu, quando ia para o trabalho em uma escola na região. Ele a atacou com vários golpes de faca. O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chegou a socorrer a vítima, mas ele teve uma parada cardiorrespiratória e faleceu.

Outro caso de bastante repercussão ocorreu recentemente, dia 30 de março, dessa vez em Rio Brilhante, a 158 km de Campo Grande. Cinthya Mendieta, foi assassinada pelo marido que cometeu suicídio, logo em seguida. As mortes ocorreram na frente do filho do casal, de 11 anos, que foi socorrido em estado de choque.

O Corpo de Bombeiros encontrou a criança aos prantos dizendo que não tinha mais pai e mãe.

Cinthya e Albynna são duas, das 6 vítimas de feminicídio em MS este ano

Os crimes de feminicídios reduziram se comparados com o mesmo período do ano passado. Em 2022, nos três primeiros meses, 11 mulheres perderam a vida pela condição de ser mulher. Já este ano, de janeiro a março 6 mulheres foram assassinadas.

Em 24 de janeiro, a venezuelana Celeste Josefina Gonzales Misael, de 23 anos, foi assassinada a facadas pelo namorado em Sidrolândia, a 70 km de Campo Grande. O crime também aconteceu na frente dos três filhos da jovem, com idades entre 4 e 7 anos.

Um vizinho relatou à polícia que Celeste estava morando na residência há cerca de cinco meses, com os três filhos e um outro homem, mas há dois meses ela teria rompido o e há 1 mês estava morando com o autor do crime, em um relacionamento conturbado.

O homem fugiu do local, mas foi preso na BR-060 após denúncia. Ele tentou justificar o crime dizendo que a havia descoberto uma traição da vítima.

As ficaram sob cuidados do Conselho Tutelar até que o pai delas, veio da Venezuela busca-las.

Homicídio doloso e tentativa de homicídio

O crimes de homicídio em dados deram uma leve reduzida nesse primeiro trimestre de 2023 se comparado com 2022, porém em números ainda é um número considerado alto. Este ano foram 109 crimes de homicídio doloso e 179 tentativas, contra 116 crimes consumados no ano passado e 160 tentativas.

Campo Grande tem 31% desses casos, foram 34 homicídios, porém no interior e principalmente faixa de fronteira o crime ainda maior. Porque muitas vezes envolve o tráfico de drogas, já que por ser fronteira seca, o comércio de entorpecentes e transporte é grande.

Os crimes envolvendo rixas entre facções, principalmente PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho), também contribui para que o alto número de crimes contra a vida em Mato Grosso do Sul.

No último dia 28 de março, o corpo de um homem foi encontrado em um terreno baldio no Jardim Imá em Campo Grande. A suspeita é que o cadáver tenha sido desovado no local e o crime ocorrido em outro lugar.

A princípio não havia ferimentos que indicasse faca ou tiro, porém ele tinha hematomas na cabeça, costas e tórax e estava seminu com os pés amarrados.

Há várias linhas de investigação, mas as duas principais são homicídio e latrocínio.

No dia 23 de fevereiro, um homem, de 30 anos, foi resgatado de um cativeiro no Bairro Guanandi em Campo Grande, durante julgamento do Tribunal do Crime do PCC. Dois homens, de 34 e 36 anos, foram presos.

Policiais do GOI (Grupo de Operações e Investigações) receberam uma denúncia anônima de um vídeo que mostrava três homens em um cômodo. Um deles estava amarrado e o que gravava cobrava drogas e uma bicicleta que supostamente a vítima teria roubado dele.

Os investigadores foram até o endereço enviado e, ao chegarem no local, encontraram um dos homens que aparece no vídeo caminhando pela Rua Jussara. Ele foi seguido por cerca de 100 metros e, ao chegar próximo a uma casa, foi abordado e preso. Ao entrarem no imóvel, uma edícula na parte dos fundos, os policiais encontraram a vítima sentada no chão, exatamente onde foi filmada. Ao seu lado estavam as fitas utilizadas para amarrá-lo e uma faca. Os autores foram presos por sequestro e cárcere privado, ameaça e lesão corporal.

Roubo seguido de morte

O crime de latrocínio, roubo seguido de morte, os números se igualam nos dois anos, sendo 3 casos no primeiro trimestre de 2022 e no mesmo período de 2023.

Um caso de bastante repercussão desse tipo de crime foi o que aconteceu com o professor Luciano Soares, de 41 anos, em Nova alvorada do Sul, a 115 km de Campo Grande. O crime aconteceu no dia 17 de janeiro. Sete pessoas envolvidas no crime foram presas, sendo um morador da própria cidade, dois de Campo Grande e 4 que vieram do Paraná para cometer o crime.

Posteriormente, as investigações apontaram ainda que uma advogada teria sido contratada pelo PCC para fazer assessoria jurídica do grupo preso. Ela repassava recados para o interno e enviava depoimentos dos presos para comprovar que não haviam o delatado. Ela foi denunciada pelo Ministério Público Estadual.

Sete presos envolvidos no latrocínio e objetos apreendidos com eles durante (Divulgação)

Roubos e furtos de veículos

Ambos são crimes contra o patrimônio, porém o furto é um crime menos grave, pois não há violência. Há muitos casos de furto de veículos, quando o carro está estacionado e a pessoa só percebe ao chegar ao local e ver que não está mais lá. Já o roubo é exercido com violência ou ameaça, na maioria das vezes praticado por bandidos armados.

No ano passado, o Midiamax chegou a divulgar que esse crime fazia cerca de 300 vítimas por mês em todo o estado. Foram 776 furtos e 105 roubos de veículos este ano.

Estelionatos

Crimes de estelionatos também deram uma leve reduzida, pelo menos nos casos que foram registrados. Em 2022 foram 3173 contra 2959 nos primeiros meses deste ano.

Os idoso ainda são a maioria das vítima, mas não são casos isolados. São vários tipos de golpe atualmente que qualquer pessoa desde a mais leiga até a mais instruída pode ser vítima. O negócio é se prevenir, buscar ajuda e pesquisar muito sobre qualquer envolvimento que seja feito.

A polícia sugere desconfiar sempre e de tudo, principalmente se há alguma oferta de algum produto abaixo do valor de mercado. Evitar clicar em links, conferir o nome do destinatário de algum pagamento. Se possível ligar para a pessoa, ou fazer a negociação pessoalmente.

Há golpes envolvendo compra e venda de veículos, sendo este um dos mais comuns. Há ainda do relacionamento amoroso, do bilhete premiado, do link nas redes sociais, da ameaça de matar algum parente, entre diversos outros.

Como foi o caso, por exemplo, de uma mulher, de 55 anos que caiu no golpe do bilhete premiado. Os autores a abordaram e diante de uma conversa bastante convincente, segundo a vítima, a fizeram acreditar que teriam um bilhete premiado no valor de R$ 10 milhões.

Eles teriam deixado o bilhete com a mulher como forma de confiança e sacaram da conta da mulher R$ 7,7 mil e fugiram.

Em MS nos três primeiros meses de 2023, mais de 5 mil mulheres foram vítimas de violência doméstica. (Ilustrativa)

Violência doméstica

Infelizmente ainda com números altíssimos a violência contra a mulher faz todo dia cerca de 56 vítimas em todo o Estado. O dado é baseado nos três primeiros meses deste ano, quando foram registradas 5070 mulheres vítimas de violência doméstica.

Uma pesquisa da Cufa (Central Única das Favelas) de Campo Grande com base no período de janeiro de 2021 a abril de 2022, aponta que mulheres residentes em bairros periféricos da Capital são as que mais sofrem violência doméstica e, consequentemente, principais vítimas do feminicídio.

O que preocupa é o número que dificilmente reduz. Em fevereiro por exemplo, uma mulher de 36 anos, conseguiu se salvas das agressões e cárcere privado do marido em Ponta Porã, a 346 km de Campo Grande, após conseguir escrever um bilhete pedindo socorro.

O bilhete chegou até a polícia que conseguiu resgatar a vítima. Nele dizia: “Por favor, me ajude. Meu marido me agride. Não conta para ninguém, ele está me cuidando”.

O homem, de 37 anos, foi preso. A mulher contou que desde o começo da relação foi privada de sua liberdade, não podendo sair de casa sem o homem ou os enteados. Disse ainda que estava proibida de ver a sua mãe, e que o homem ficava com todo seu benefício a deixando sem comida, assim como seus filhos.

Tráfico de drogas

Grande problema do Estado, o tráfico de drogas está muitas vezes ligados ao demais crimes, principalmente relacionado com homicídio. Até o final do mês de março foram registrados 889 boletins de ocorrência por tráfico de drogas no ano passado.

Este ano foram 961, inclusive, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) apreendeu em fevereiro quase duas toneladas de cocaína escondida dentro de um caminhão. O motorista disse que receberia R$ 20 mil para levar a droga de a Campo Grande.

Esta foi a maior apreensão de cocaína da história da PRF, em 94 anos de existência da instituição.

Conforme explicou a PRF, no estado de São Paulo, por exemplo, o cloridrato de cocaína é vendido por R$ 180 mil o quilo, com isso a carga foi avaliada em R$ 334,8 milhões.