‘Com sangue nas mãos’: promotor que fez mil júris destaca complexidade do caso Matheus Coutinho

Acusação diz que poder da organização criminosa envolvendo Jamil Name Filho fez cidade parar

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Promotor Douglas (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Foram três dias que pararam Campo Grande, no júri considerado o maior da história de Mato Grosso do Sul, o de Matheus Coutinho, assassinado a tiros de fuzil em abril de 2019, em frente de sua casa, no lugar de seu pai, Paulo Xavier, conhecido como ‘PX’. E para o grande júri foram destinados quatro promotores, além da mãe do estudante de direito, Cristiane Almeida, que atuou como assistente de acusação.

Entre os promotores estava Douglas Oldegardo, que já fez 986 júris, como de Neide Mota, no caso da clínica de abortos na cidade, como também da facção PCC (Primeiro Comando da Capital), mas nenhum que teve duração tão longa como o caso de Matheus Coutinho.

“Foi um trabalho de plenário extenuante”, disse Douglas Oldegardo ao Jornal Midiamax, que explicou que a banca de promotores começou os trabalhos para o julgamento em março deste ano, com reuniões semanais para a divisão e discussão do trabalho que seria feito em plenário.

O promotor ainda falou que ficou dois dias recluso antes do júri para a sua preparação. “Eram 15 mil páginas e sem partes dispensáveis”, falou Oldegardo, que ainda comentou que se tivessem mais do que as 2h30 teriam apresentado todas as provas.

“Não pudemos apresentar todas as provas, já que o tempo não permitiu”, disse Douglas, relatando que o processo era muito denso. Sobre a pena fixada, o promotor ainda disse que vai esperar para junto dos colegas decidir se irão pedir aumento ou não.

‘Com sangue nas mãos’

Júri que chamou a atenção da população campo-grandense e lotou o plenário no último dia com mais de 9 horas de debates entre a acusação e a defesa, deixou muitos perplexos com vídeos apresentados pela promotoria, como o do ex-guarda municipal, Marcelo Rios, espancando um homem que gritava para ele parar.

“Se voltássemos há 5 anos no tempo ninguém cogitaria o que aconteceu e talvez rissem desta possibilidade”, disse Oldegardo explicando sobre o crime cometido por Jamil Name Filho. Já havia sido revelado crimes de extorsão, posse de arsenal e organização criminosa, de acordo com o promotor, “mas nunca um crime que colocasse sangue nas mãos”.

Esta seria a explicação para o interesse tão grande da população sobre o caso de Matheus Coutinho.

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Jamil Name na esquerda, Vladenilson Olmedo centralizado e Marcelo Rios na direita da foto. (Kisie Ainoã, Midiamax)

Condenação dos réus:

Jamil Name Filho – Total de 23 anos, foi condenado à pena de 20 anos de reclusão por homicídio qualificado – motivo torpe e dificuldade de defesa da vítima; três anos e seis meses de reclusão e pagamento de 60 dias-multa por posse ou porte ilegal de arma de fogo. Ele foi absolvido da acusação de receptação.

Marcelo Rios – Total de 23 anos e pagamento de 120 dias-multa, foi condenado à pena de 18 anos de reclusão por homicídio qualificado – motivo torpe e dificuldade de defesa da vítima; um ano e seis meses de reclusão e pagamento de 60 dias-multa por receptação do veículo roubado utilizado no crime; três anos e seis meses mais pagamento de 60 dias-multa por posse ou porte ilegal de arma de fogo.

Vladenilson Olmedo – Total de 21 anos, foi condenado a 18 anos de reclusão por homicídio qualificado – motivo torpe e dificuldade de defesa da vítima; três anos e 6 meses de reclusão por posse ou porte ilegal de arma de fogo mais 60 dias-multa.

Assim, com condenações anteriores, Jamil Name Filho soma 46 anos e 2 meses de prisão. Agora, deve voltar ao presídio federal de Mossoró, Rio Grande do Norte, para cumprir o total de penas.

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