Estrelinha, menina de 11 anos assassinada era ‘mãe para os irmãos’, dizem vizinhos
Abalados com o crime, vizinhos dizem que criança era querida no bairro e foi à festinha da igreja horas antes de ser morta
Danielle Errobidarte, Anna Gomes –
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Abalados pela morte da menina de 11 anos na noite deste domingo (11) no Bairro Nossa Senhora das Graças, em Campo Grande, vizinhos da família se reuniram em frente à residência na manhã desta segunda-feira (12) em busca de respostas para o crime. Segundo os moradores, “ela era como uma mãe para os irmãos” e tinha o apelido de estrelinha, por ser vista dando piruetas ao brincar com as outras crianças na rua.
Uma equipe da Polícia Militar esteve na residência pela manhã – que ainda estava bagunçada e com manchas de sangue pelos cômodos – fazendo buscas na região pelo suspeito, além de policiais do GOI (Grupo de Operações e Investigações). Um dos moradores, de 49 anos, disse ter ajudado a arrombar a porta após a mãe desconfiar que a menina estava morta no interior da casa, e disse que é recorrente a presença de pessoas desconhecidas no local.
“Eu tentava ajudar e dar conselhos. Ela [a vítima] era uma mãe para os irmãozinhos, era uma menina feliz e sempre estava cuidando deles”, relembra o vizinho, que disse que a família morava há três anos no local.
Já uma amiga e ex-vizinha da mãe da criança, de 66 anos, afirmou que logo após encontrar a menina morta, a mãe teria ido até sua residência e pedido para que ela ficasse com as crianças. “Ela chegou me chamando, dizendo que estupraram e mataram a menina. Eu não acreditei! Ela queria que eu pegasse as outras crianças para que ela não perdesse a guarda os filhos. A gente fica muito triste, porque era uma menina alegre”, lamenta.
Outro morador, de 41 anos, disse ter visto a menina no dia do crime, horas antes, passeando alegre pela rua ao voltar de uma festa da igreja que frequentava. Ele afirmou ter ficado chocado ao saber da morte, já que a menina era alegre, conversava com os moradores de toda a rua e era estudiosa.
Conhecida da família desde quando a menina ainda era bebê, outra moradora, de 54 anos, disse que chamava ela de ‘estrela’, pelo fato dela sempre estar brincando na rua com as crianças, dando piruetas e ‘virando estrelinha’. Abalada, ela não segurou o choro e também disse que a criança era muito feliz.
Mãe foi presa por abandono de incapaz
A mãe prestou depoimento por cerca de 40 minutos, na manhã de hoje na Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher). Segundo a delegada Karen Viana de Queiroz, ela seria garota de programa e o trabalho da polícia na identificação do suspeito é dificultada devido ao constante fluxo de pessoas na residência.
Na noite do crime, a mãe teria ido para um bar ingerir bebidas alcoólicas e deixado as crianças sozinhas, trancadas dentro de casa. A delegada explicou que a menina de 11 anos estava com diversos ferimentos pelo corpo, mordidas e com as partes íntimas dilaceradas. Há indícios de estupro, mas a polícia aguarda a confirmação através de laudos periciais.
Segundo vizinhos que também prestaram depoimento, a situação é recorrente e esta não seria a primeira vez que a mãe deixou os três filhos sem a companhia de um adulto, aos cuidados da irmã mais velha, de 11 anos. A menina foi encontrada seminua após um vizinho ouvir o choro do irmão mais novo.
Equipes de resgate do Corpo de Bombeiros e Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) tentaram reanimação por cerca de uma hora, mas a criança já estava morta. O crime chocou até mesmo os socorristas, e os policiais que atenderam à ocorrência.
Ainda segundo a delegada, a suspeita é de que o autor tenha entrado na casa pelos fundos, já que era utilizado uma máquina de lavar para segurar a porta dos fundos. Já a porta da frente, ficaria trancada. Testemunhas também confirmaram que a mãe estava no bar citado, o que faz com que a polícia não trabalhe com a hipótese de que ela esteja envolvida no crime.
Os irmãos menores da vítima ficaram aos cuidados do Conselho Tutelar. A delegada representou pela prisão preventiva da mãe. Segundo Karen, no imóvel não tinha alimento para as crianças, que viviam em situações precárias.
A mãe também não suspeita quem possa ser o autor do crime. Segundo a delegada, durante o depoimento, ela chegou a ficar abalada, mas tentava culpar terceiros por não ter visto o autor entrar no imóvel. O pai da menina faleceu há cerca de dois anos.
Vizinhos ouviram choro de bebê
Um homem relatou que encontrou a mãe da vítima em um bar, por volta das 19h30, e por volta das 22h foram até a residência dela. Ao chegarem, a mãe chamou a filha para que abrisse a porta e ela não respondia, momento em que ela deu a volta na casa e entrou pela porta dos fundos.
A mãe teria encontrado a filha caída no chão da cozinha e começado a gritar por socorro. O homem que a acompanhava chamou um vizinho, que arrombou a porta, e em seguida acionaram a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros.
A mãe não soube precisar que horas saiu e deixou a vítima e seus outros filhos sozinhos. Segundo os policiais, ela aparentava estar embriagada e agressiva, e tentou sair do local, mas foi algemada e encaminhada para a Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher) para prestar esclarecimentos.
Duas testemunhas, vizinhas da residência, informaram que a mãe foi até a casa delas pedindo socorro, pois teria encontrado a filha no chão da cozinha, e parecia ter sido estuprada e morta. Outro vizinho informou que o suposto autor estaria com calça jeans desbotada, camiseta preta e boné verde.
O vizinho relatou que havia discutido com a mãe da criança há alguns meses, e por isso não teria pedido ajuda. Entretanto, ele disse ter ouvido quando o suspeito chamou a mãe da menina no portão dizendo que precisava entregar um dinheiro a ela, mas a filha teria atendido e dito que a mãe não estava em casa.
Cerca de 15 minutos depois, o vizinho disse ter ouvido o irmão da vítima chorando, ter saído no portão e visto o homem saindo da residência, andando rápido e olhando para trás. O Conselho Tutelar também foi acionado. O caso foi registrado como estupro de vulnerável, abandono de incapaz e homicídio majorado contra pessoa menor de 14 anos.
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