Agiotagem: ex-comandante da PM vira réu por crime de extorsão em Campo Grande
Denúncia foi recebida pela 3ª Vara Criminal
Arquivo –
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A 3ª Vara Criminal recebeu denúncia contra o ex-comandante da Polícia Militar, José Ivan de Almeida, o ex-policial civil, Reginaldo Freitas Rodrigues, e contra Patrick Samuel Georges Issa, arquiteto. Eles são acusados de envolvimento em agiotagem e extorsão, após cobrança abusiva de juros.
A juíza Eucélia Moreira Cassal recebeu a denúncia, no último sábado (5), por agiotagem e extorsão, pelo artigo 41 do Código de Processo Penal. Foi dado prazo de 10 dias para as manifestações das partes.
Em dezembro de 2021, o MPMS (Ministério Público Estadual) ofereceu denúncia contra José Ivan de Almeida, ex-deputado Estadual e ex-comandante da Polícia Militar, Reginaldo Freitas Rodrigues, ex-policial civil, e contra Patrick Samuel Georges Issa, arquiteto.
Conforme peça protocolada pelo promotor Rogério Augusto Calábria de Araújo, da 15ª Promotoria de Justiça da Capital, os investigados chegaram a ser presos em flagrante no dia 26 de maio, em uma ação que contou com a participação do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Bancos, Assaltos e Sequestros), Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) e Corregedoria-Geral da PM.
Consta que, em março de 2019, um empresário pegou R$ 80 mil emprestados de Patrick, valor que seria utilizado como investimento em uma loja. O prazo para pagamento da dívida seria dezembro daquele ano. Ocorre que a vítima pagou R$ 100 mil, mas mesmo assim continuou a ser cobrada. Os investigados exigiam o total de R$ 350 mil, mesmo tendo emprestado R$ 80 mil e recebido R$ 100 mil como pagamento.
Além disso, descobriram que o empresário era proprietário de uma empreiteira que mantinha contratos públicos em Ponta Porã, e passaram a intimidar também o sócio dele. O sócio tentou ajudar e pagou mais R$ 45 mil. No entanto, alegando reajuste de juros, Patrick pedia mais R$ 281 mil. Patrick é ligado à família Fuad, investigada por envolvimento com o crime organizado na fronteira, e usa isso a seu favor para pressionar quem lhe deve.
Tanto o empresário quanto o sócio eram ameaçados de morte ao longo dos anos, bem como informados que teriam que entregar fazenda, veículos e outros bens. Consta no procedimento que Patrick efetuava as cobranças sempre com ajuda de José Ivan e Reginaldo. Em várias tentativas de negociação, os autores alegaram que matariam a vítima, conforme registrado em sete fatos apresentados pelo MPMS na denúncia.
Diante da pressão constante, uma das vítimas acionou o Gaeco que, juntamente com o Garras e a Corregedoria, passou a monitorar os investigados. Eles foram presos no dia 26 de maio, enquanto faziam uma nova cobrança. Com o ex-comandante da PM foi encontrada uma pasta com documentos que se referiam à dívida assinada pelo empresário, no valor de R$ 281.363,00, datada de 15 de junho de 2020, bem como nota promissória da mesma data, na qual consta como credor o denunciado Patrick, que foi preso no mesmo dia, em um escritório.
Durante a ação, os policiais apreenderam armas de fogo irregulares e munições. José Ivan responde por posse irregular de arma de fogo de uso permitido, extorsão e usura. Patrick responde por estes mesmos crimes — posse irregular de arma de fogo, usura e extorsão. Reginaldo, por sua vez, foi denunciado por usura e extorsão.
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