Lucas dos Santos Mesquita, de 19 anos, acusado de matar a facadas o gerente de uma loja de ferragens, José Rodrigo Chaves, 40 anos, em agosto no ano passado, foi interrogado em audiência no Fórum Heitor Medeiros, em , nesta quarta-feira (23). Ele voltou a afirmar que a vítima tentou estuprá-lo.

Durante depoimento das testemunhas, Lucas, que responde o processo em liberdade, permaneceu de cabeça baixa. Sete testemunhas de defesa foram ouvidas pelo juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida, na 1ª Vara do Tribunal do Júri.

O primeiro a ser ouvido foi o médico psiquiatra que atendeu Lucas, quando deu entrada na (Unidade de Pronto Atendimento) Coronel Antonino. O médico relatou, ao ser questionado pela advogada de defesa, Ellen de Souza Leite, que o rapaz estava assustado quando chegou na Upa. “Assustado e delirante”, apontou o psiquiatra.

A defesa alega que Lucas tentou se defender e arrolou quatro testemunhas que confirmaram que ele era um garoto incapaz de cometer um . “Quando uma pessoa tem a intenção de matar, o primeiro intuito é fugir”, destacou a defesa, afirmando que Lucas, após o crime, ficou por cerca de uma hora rodando pelas imediações do local do assassinato, um apartamento na rua Bahia, bairro Monte Castelo.

Um investigador da 1º Delegacia de Polícia de Campo Grande, que esteve na Upa, também prestou depoimento. “Recebemos a denúncia e ao chegar no apartamento vimos os rastros de sangue. Após, fomos a Upa mais próxima e encontramos Lucas sendo atendido”, relatou o policial. Ainda na maca da unidade de saúde, Lucas afirmou ao investigador que José Rodrigo tentou estuprá-lo.

A mãe de Lucas foi ouvida na audiência. Ela afirmou que o filho fazia uso de drogas desde os 15 anos. “Ele disse pra mim que encontrou o rapaz na rua e como queria muito usar , aceitou o convite de ir até o apartamento dele”, conta a mãe.

Lucas afirmou, quando interrogado pelo juiz Garcete, que não conhecia José. “Queria muito fumar maconha, quando encontrei ele na rua, no centro. Ele me convidou pra ir ao apartamento, mas eu não sabia que ele era homossexual”, contou Lucas.

O acusado disse que ao chegar no apartamento, não teria ingerido bebida alcoólica. “Eu só fumei um cigarro de maconha, ai ele disse que queria comer meu (…)”, relatou. Depois, José Rodrigo, conforme as informações de Lucas, teria o trancado no quarto e retornou com uma faca.

“Ele voltou com uma faca, eu corri para a cozinha e tentei achar uma faca para me defender, mas não achei. Começamos a lutar, foi quando dei as facadas”, conta. O juiz questionou o número de facadas desferidas em José, 10 perfurações. “Eu fiquei meio assustado, ele não saia de cima de mim, parei de dar as facadas, dei um soco nele e fugi”, disse.

Depois do crime, Lucas fugiu, mas deixou marcas de sangue. Ficou cerca de uma hora pelas imediações, quando foi encontrado por populares e encaminhado a Upa Coronel Antonino.

Sobre a tentativa de suicídio, relatada na Upa pela família, Lucas negou que tenha tentado tirar a própria vida, mas sim que levou uma facada de José Rodrigo, quando entraram em luta corporal no apartamento.

O juiz Carlos Alberto Garcete espera agora as alegações finais da defesa e do Ministério Público, para dar andamento ao caso.