Advogado diz que testemunhas foram coagidas 

A defesa do professor suspeito de estuprar e matar o menino Kauan Andrade, de 9 anos, alega que os adolescentes que supostamente testemunharam o crime teriam sofrido pressão e tortura por parte de autoridades policiais para que dissessem que o garoto foi esquartejado e o corpo ocultado, fato que segundo o advogado do autor não aconteceu.

De acordo com o advogado Alessandro Faria Rospide, na primeira audiência do caso dois dos adolescentes voltaram atrás e negaram a versão de estupro seguido de morte. Segundo ele, os menores também disseram não saber sobre esquartejamento e ocultação do cadáver do menino, diferente do que disseram em depoimento à polícia e apontado pelas investigações. Eles também negaram estarem presentes quando Kauan foi morto.

“Eles foram ouvidos e mantiveram a versão de que nada disso aconteceu, somente a violência sexual. Eles falaram que foram ameaçados e talvez torturados pela polícia para que mantivesse essa versão”, disse.

Outro ponto criticado pelo advogado é acerca da condução dos interrogatórios dos menores de idade, classificados por ele como inadequados. “Eles foram interrogados por autoridades e não por psicólogos, houve uma pressão fortíssima por parte das autoridades da Deaij (Delegacia Especial de Atendimento à Infância e Juventude).”, afirma.

A segunda audiência do caso acontece na tarde desta terça-feira (30), no Fórum de . Hoje será ouvido por videoconferência o terceiro adolescente que teria testemunhado o crime, recluso na Unei de Naviraí.

Para Alessandro Rospide, o fato de o adolescente estar apreendido pode resultar em interferência no depoimento. “Ele está sob poder estatal e foi dele que surgiu a primeira versão sobre esquartejamento. É uma pressão”, afirma.

Além do menor, serão ouvidos outras duas vítimas do professor e quatro testemunhas de defesa, entre familiares e amigos. A expectativa é de que o suspeito seja ouvido ainda hoje.

Relembre o caso

Kauan  desapareceu da casa da família, no Aero Rancho, no dia 25 de junho. O menino cuidava carros na região quando foi visto pela última vez. A família registrou boletim de ocorrência e as investigações foram realizadas pela Depca. Foram mais de 20 dias sem notícias até o último sábado (22), quando o caso foi esclarecido.

Durante as investigações do desaparecimento, um adolescente de 14 anos acabou apreendido por envolvimento no crime. Ele relatou à polícia que atraiu Kauan na noite do dia 25 de junho para a casa. A criança teria falecido enquanto era violentada.

Com Kauan inconsciente, não se sabe ainda se desmaiado ou já sem vida, os suspeitos colocaram o corpo do menino em saco plástico e ‘desovaram' no Córrego Anhanduí, por volta da 1 hora do dia 26 de junho.

O homem suspeito de ser pedófilo foi preso no dia 21 de julho, no começo da tarde, pouco antes do início das buscas pelo corpo do menino. De acordo com o delegado, o suspeito negou as acusações, mas com o depoimento do adolescente e os fatos já confirmados pela perícia, não há dúvidas de que a vítima era Kauan.Adolescentes negam esquartejamento de Kauan e falam em tortura, diz defesa

Sobre o local onde o corpo foi deixado, segundo a autoridade policial, o adolescente apresentou contradição. Ele afirma que entrou no carro do suspeito, com o corpo no porta-malas, mas que não desceu do veículo para jogar o menino. O criminoso teria ido sozinho às margens do córrego e permanecido por aproximadamente 30 minutos.

Durante todo o dia 22 de julho, a polícia e o Corpo de Bombeiros fizeram buscas pelo corpo de Kauan no Córrego Anhanduí. Apenas um saco de lixo com fios de cabelo foi encontrado.

Uma amiga da família de Kauan contou a equipe do Midiamax que ele era ‘fissurado' por pipas e que suspeita que isso pode ter sido usado pelo suspeito para atrair o menino. “Ele colecionava pipas, chegava a esconder a pipa em cima da casa para os irmãos não estragarem”. O homem já teve a prisão preventiva decretada por estupro de vulnerável e exploração sexual.