Morte que gerou protestos faz polícia de Londres adotar uso de câmera

Os policiais de Londres que participam de ações com armas de fogo passarão a usar câmeras obrigatórias acopladas ao uniforme, em uma tentativa de trazer mais transparência às suas atividades. O anúncio foi feito na quarta-feira pouco depois de um júri concluir que a polícia metropolitana – a Scotland Yard – matou de forma legal […]

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Os policiais de Londres que participam de ações com armas de fogo passarão a usar câmeras obrigatórias acopladas ao uniforme, em uma tentativa de trazer mais transparência às suas atividades.

O anúncio foi feito na quarta-feira pouco depois de um júri concluir que a polícia metropolitana – a Scotland Yard – matou de forma legal um homem suspeito de estar armado, em um caso que teve grande repercussão e é tido como estopim da onda de protestos e saques que se espalhou por diversas partes do país em agosto de 2011.

O britânico Mark Duggan foi morto a tiros por policiais no bairro de Tottenham, no norte de Londres. Um inquérito sobre o caso encerrado nesta semana concluiu que Duggan não estava armado na hora do crime.

Mas o júri também decidiu – por oito votos, contra dois – que a polícia britânica agiu dentro da lei, por não ter condições de saber ao certo se Duggan estava armado ou não.

O caso teve enorme repercussão na Grã-Bretanha e é considerado o estopim da onda de protestos que se espalhou por diversas partes do país em agosto de 2011. A família de Duggan acusa os policiais de ter executado Duggan de forma ilegal.

Já na comunidade de Tottenham – assim como em diversos outros bairros pobres e com grande concentração de minorias étnicas – a polícia é acusada de perseguir e desrespeitar muçulmanos e negros de forma discriminatória. Esse sentimento foi um dos fatores que levou milhares de pessoas às ruas em agosto, provocando incêndios, quebra-quebra e pilhagens.

Na quarta-feira, houve temores de que protestos deste tipo se repetissem em Londres depois da decisão do júri. Em frente ao tribunal, críticos da polícia vaiaram e cuspiram no porta-voz da Scotland Yard, que tentava ler uma nota oficial para a imprensa. Seu discurso foi interrompido com gritos de “assassinos”.

A família de Duggan deixou o local prometendo lutar por “justiça”.

As redes televisão acompanharam ao vivo a repercussão do caso em Tottenham, de olho em possíveis protestos. Mas apesar da crítica de muitos entrevistados, não houve nenhuma manifestação coletiva.

Câmeras

Apesar da decisão favorável à polícia, a corporação britânica anunciou mudanças ontem para melhorar a transparência de suas ações.

“Eu espero que todos possam aceitar o veredicto do júri. É um júri de londrinos comuns, que chegaram a um veredicto que todos nós devemos aceitar”, disse o comissário Bernard Hogan-Howe, maior autoridade da polícia metropolitana de Londres.

“Eu reconheço que precisamos fazer mais para ganhar a confiança das pessoas de Londres, e há coisas que precisamos aprender destes acontecimentos.”

“Em primeiro lugar, eu quero que policiais possam ser mais abertos quando aconteçam investigações deste tipo.”

“Em busca disso, nós vamos pedir aos policiais que usem câmeras de vídeo para que possamos gravar estes tipos de incidentes, e eu vou me encontrar com várias pessoas em Londres para saber como podemos trabalhar para melhorar a confiança na polícia metropolitana.”

Os detalhes sobre como as câmeras serão usadas ainda não foram divulgados. A polícia também não determinou nenhum prazo.

Nos Estados Unidos, uma experiência do tipo na cidade de Rialto, na Califórnia, foi considerada um sucesso e imitada por diversas outras cidades pelo mundo.