Polícia Federal indicia por desobediência e libera os 15 índios presos em Sidrolândia

Superintendência também instaurou inquérito para apurar de onde partiu o tiro que matou o indígena Oziel Gabriel durante a desocupação

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Superintendência também instaurou inquérito para apurar de onde partiu o tiro que matou o indígena Oziel Gabriel durante a desocupação

Os 15 índios terenas detidos pela Polícia Federal ontem (30) durante confronto na fazenda Buriti, em Sidrolândia – a 79 quilômetros de Campo Grande –, foram indiciados por desobediência e liberados após prestarem depoimento na sede da corporação em Campo Grande. A corporação também instaurou inquérito para apurar de onde partiu o tiro que matou o índio Oziel Gabriel.
Segundo a assessoria da polícia, Termos Circunstanciados de Ocorrências (TCOs) foram emitidos, o que significa o registro de crimes de menor potencial ofensivo, ou seja, crimes de menor relevância com pena máxima de até dois anos de reclusão. Os 15 índios, entre eles uma mulher, aguardam o processo em liberdade.
O inquérito foi aberto por determinação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Ele quer saber se o tiro que matou o indígena saiu de arma da Polícia Federal, da Polícia Militar ou da Cigcoe (Companhia de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais).
Com os indígenas detidos, a polícia apreendeu várias armas brancas. Segundo a Polícia Federal, diversos arcos, flechas, foices e lanças estavam em poder dos índios. Também foram apreendidas três armas de fogo, duas de modelo artesanal e uma de fabricação normal.

Cerca de três mil índios entraram em confronto com a Polícia Federal, a Cigcoe (Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais) e a Polícia Militar nesta quinta-feira (30).
As forças policiais foram à Fazenda Buriti, que estava tomada pelos terenas desde o dia 15 de maio deste ano. Os policiais cumpriam o mandado de reintegração de posse expedido pelo juiz da 1ª Vara Federal em Campo Grande, Ronaldo José da Silva.
Os índios exigem há mais de 10 anos a ampliação da reserva Buriti, que engloba cinco aldeias. Atualmente, os três mil índios vivem numa área de dois mil hectares. A Funai (Fundação Nacional do Índio) reconhece a área de 17 mil hectares como indígena, mas a demarcação esbarra na interesse dos produtores rurais.
Exame corpo de delito

Sete índios precisaram realizar exames de corpo de delito, já que estavam com vários hematomas, conforme explicou o coordenador do CDDH-MS (Centro de Defesa de Cidadania e Direitos Humanos Marçal de Souza), Edivaldo Bispo Cardoso.

Eles foram encaminhados ao IMOL (Instituto Médico e Odontológico Legal) de Campo Grande para passar pelos exames. “Eles foram realizar os exames corpo de delito por volta de meia-noite. Os indígenas estavam machucados nas regiões dos glúteos, costas costelas e braços”, disse o coordenador.
Os resultados dos exames devem ficar prontos nesta sexta-feira (31), ainda de acordo com Bispo. Ao retornarem à sede da Polícia Federal, por volta das 2h30 da madrugada, os indígenas foram liberados.

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