Interpol descobriu que chefe do PCC enganou polícia de MS com nome do irmão morto

“Manelão” usou o nome de um irmão dele que está morto há oito anos. O defunto teria sido até condenado e é considerado foragido após o traficante vivo ser resgatado de dentro da Delegacia em Mato Grosso do Sul. Ele fugiu levando até uma viatura da Polícia Civil.

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“Manelão” usou o nome de um irmão dele que está morto há oito anos. O defunto teria sido até condenado e é considerado foragido após o traficante vivo ser resgatado de dentro da Delegacia em Mato Grosso do Sul. Ele fugiu levando até uma viatura da Polícia Civil.

O homem que escapou da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul em maio do ano passado após ser resgatado de dentro da Delegacia de Miranda, a 203 quilômetros de Campo Grande, é apontado como chefe da organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) em Minas Gerais.

Manoel Messias de Abreu, conhecido como “Manelão”, é procurado pela Interpol (International Criminal Police Organization) e teria enganado os policiais sul-mato-grossenses utilizando o nome de Baltazar Domingues de Abreu, irmão dele, que está morto e enterrado em Uberada (MG) desde 2004.

“Manelão” foi preso em abril de 2011 na BR-262, próximo à cidade de Miranda, com mais de dois quilos de cocaína escondidos em garrafas plásticas de refrigerante. Ele estava com a companheira Cláudia Maria de Oliveira e os dois foram autuados em flagrante por tráfico de drogas.

Fuga na viatura

Um mês após a prisão, homens fortemente armados, possivelmente integrantes do PCC de Uberaba, renderam os policiais civis que estavam de plantão na Delegacia de Miranda e resgataram o suposto Baltazar. Eles fugiram levando ainda as armas e uma viatura da Polícia Civil de MS.

A mulher dele não quis participar da fuga e cumpre pena em Corumbá, a 444 quilômetros de Campo Grande. Ela foi condenada a 25 anos pela Justiça de Mato Grosso do Sul, que também teria sentenciado o ‘defunto’ a mais de 20 anos de cadeia.

Morto e procurado

Segundo informações da Interpol, a Polícia Civil sul-mato-grossense considera o irmão de “Manelão”, Baltazar, como foragido desde o resgate em Miranda. Até o momento, as autoridades em MS não saberiam que o condenado, na verdade, morreu em 18 de fevereiro de 2004 e está enterrado na sepultura 126 B, quadra P, do cemitério Medalha Milagrosa de Uberaba.

Segundo o delegado titular da Delegacia de Miranda, Edson Ruiz Ubeda, logo após o resgate, o serviços de inteligência da Polícia de Minas Gerais teria comunicado que o foragido era, na verdade, “Manelão”. No entanto, ele não soube informar se a troca já foi oficializada junto à Justiça de MS.

No TJMS constam dois procedimentos judiciais abertos no ano passado contra Baltazar Domingues de Abreu, que está morto há oito anos. O falecido consta ainda como indiciado em um Inquérito Policial (0200647-73.2011.8.12.0015) por “fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança”.

Quando se tenta pesquisar detalhes sobre os processo, no entanto, o sistema de pesquisas do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul exibe a mengasem: “Não foi possível obter os dados do processo. Por favor tente novamente mais tarde”.

Sem digitais

Toda a confusão começou porque, no ato da prisão, “Manelão” teria informado o nome do irmão morto e apresentado documentos falsos.

Ubeda explicou que no momento da prisão não foi feito o ‘palmilhamento’, processo de tirar as impressões digitais de um preso para permitir a identificação datiloscópica, porque Manoel apresentou documentos que foram considerados verdadeiros.

“Manelão” e Cláudia têm um filho, Bruno Messias Barcelos de Abreu, que seguiu a ‘carreira’ dos pais e cumpre pena por tráfico de drogas em Uberaba.

O golpe do traficante só foi descoberto porque agentes da Interpol investigaram o passado da mulher dele e descobriram que Cláudia Maria, na verdade, vivia em união estável há mais de 15 anos com Manoel, e não com o cunhado que faleceu.