A estagnação do Rio
Aristóteles Drummond, articulista e escritor, discorre sua livre opinião, a respeito de fatos e acontecimentos do Brasil e mundo.
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Apanhado pela crise há uns cinco ou seis anos, o Rio vem sofrendo um verdadeiro apagão em termos de investimentos e com a perda de condições para reverter quadro econômico e social difícil, agravado agora com este triste espetáculo na gestão dos recursos de combate à pandemia, transferidos do governo federal.
No início, foi a luta por honrar a folha de pagamentos de servidores e manter os serviços de segurança, saúde e educação funcionando, o que foi obtido na gestão Pezão-Dornelles, embora o governador tenha tido percalços, ao que tudo indica, injustificados. A política carrega esta carga de propiciar graves injustiças e este parece ser o caso de Pezão. Quem o conhece desde vereador, aos pais e a mulher, só pode acreditar em sua inocência.
Agora vivemos um apagão pelo comportamento primário do governador, que apenas fez melhorar efetivamente a questão da Segurança Pública, gerindo bem o legado da Intervenção comandada pelo General Braga Neto, hoje Chefe da Casa Civil da Presidência da República.
Essa situação precisa ser definida com celeridade, pois a sociedade não merece continuar abandonada, entregue ao desamparo, no qual a qualidade da água que bebemos é emblemática. E tudo pela demagógica posição da Assembleia, que impediu o Estado de honrar compromisso com a União e vender a Cedae, para fugir aos casos de corrupção e má gestão.
Mas é urgente que se recupere o dinheiro enterrado em Itaboraí para o Comperj, parcialmente resolvido, mas faltando muito para compensar o que se gastou, inclusive em investimentos indiretos. Além dos empregos, o polo, a ser definido de alguma maneira, vai reforçar a arrecadação estadual e viabilizar o término das obras do Arco Metropolitano entre Itaboraí e Guapimirim, de fortes reflexos na economia da região e do Estado.
Faz-se urgente uma política determinada a resolver os entraves nas estradas de acesso ao Rio, como a Rio-Petrópolis, de obras paradas, e a Via Dutra, sem a nova pista de descida, e uma parceria Prefeitura do Rio, Estado e iniciativa privada, para tocar o Porto Maravilha, projeto fundamental também, incluindo o aproveitamento turístico da área portuária, onde já temos a roda-gigante, o oceanário e o complexo de museus na Praça Mauá. Sem uma coordenação forte, a venda do edifício A Noite pode fracassar, frustrando as esperanças de uma obra relevante para a cidade.
O Rio não pode permanecer estagnado. É o centro de nossa cultura, de nossa história, com mão de obra qualificada, pronto para receber turistas do mundo inteiro, pois dispõe de todo tipo de atração e acomodação. A omissão nesta hora é crime contra a nossa própria história.
O presidente e dois de seus filhos têm mandato eletivo no Rio. Podem e devem ajudar. E a Assembleia precisa cumprir seu dever de não permitir que o afastamento do governador se arraste, prejudicando a população que os elegeu e que está mais do que atenta.
*Articulista e escritor
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