O ANO QUASE INÚTIL

O ano que finda tinha tudo para ser o melhor dos melhores, mas, infelizmente, membros do Judiciário e do Legislativo não souberam interpretar ou não quiseram atender ao recado das urnas, em outubro do ano anterior. E o Brasil perdeu quase todo o ano para aprovar a Reforma da Previdência, que era consenso da sociedade. Com […]

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O ANO QUASE INÚTILO ano que finda tinha tudo para ser o melhor dos melhores, mas, infelizmente, membros do Judiciário e do Legislativo não souberam interpretar ou não quiseram atender ao recado das urnas, em outubro do ano anterior. E o Brasil perdeu quase todo o ano para aprovar a Reforma da Previdência, que era consenso da sociedade.

Com isso, as atenções do governo foram desviadas para das demais reformas. Estas chegaram agora e o Congresso, nada  pautou. Muitas propostas altamente positivas do presidente foram derrotadas por mera implicância política, inclusive com vetos derrubados.

O Judiciário, via STF, enfrentou o clamor nacional em favor das ações contra a corrupção, em decisão inacreditável de atender aos corruptos de sucesso, que podem pagar bons advogados e permanecerem impunes até o final de seus dias. Ou no aguardo de novo reexame do Supremo que os anistie por terem cometidos “crimes eleitorais”. O Congresso, por sua vez, procrastina a definição da segunda instância, alheio à vontade do povo apesar dos esforços de admiráveis parlamentares das duas casas.

O governo acertou na formação da equipe por critérios técnicos, obtendo o reconhecimento nacional pelo desempenho de pastas importantes como a Economia, Infraestrutura, Minas e Energia, Saúde, Ciência e Tecnologia. Mas deixou a desejar pelas polêmicas que imperaram pelas escolhas de elementos sem o mínimo de atenção para o peso das palavras e opiniões dadas por um ministro de Estado. E a falta de tato ao lidar com áreas sensíveis, como a cultura. Desarmar o aparelhamento e dar novos rumos é uma coisa; colocar pessoas inexperientes e grosseiras é outra. E afastar funcionários de carreira, apolíticos, provoca desgastes desnecessários, como no caso da Biblioteca Nacional.

Os governadores mais importantes parecem que foram apanhados de surpresa com as vitórias eleitorais e perderam a cabeça. Os do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e de São Paulo, João Doria, aparentemente preparados para uma boa gestão, entraram logo na corrida presencial que se dará em 2022. Outros, como o de Minas Gerais, Romeu Zema, perplexo, se limitou a dar o tom liberal e austero ao governo, mas, em termos de resultados práticos, pouco fez. Sucesso mesmo  são os de Goiás e Rio Grande do Sul.

Claro que o ano marcou uma saudável mudança no trato dos assuntos públicos, mas poderia ter sido melhor, com mais humildade e solidariedade aos que sofrem por Parte dos poderes que parece não terem assimilado o recado das urnas. O voto não foi em Bolsonaro, foi na mudança que ele representou. Contra corrupção, a demagogia e os equívocos ideológicos que nos levavam para um regime tipo Venezuela.

 

*Articulista e escritor