Novo coronavírus: Índia limita exportação de medicamentos

A Índia, o principal fornecedor mundial de medicamentos genéricos, restringiu a exportação de 26 ingredientes farmacêuticos e dos medicamentos feitos a partir deles. A decisão foi tomada devido aos estragos que a disseminação do novo coronavírus pode causar nas cadeias de suplementos. Os medicamentos restritos incluem o paracetamol, um dos analgésicos mais utilizados. Foram impo…

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A Índia, o principal fornecedor mundial de medicamentos genéricos, restringiu a exportação de 26 ingredientes farmacêuticos e dos medicamentos feitos a partir deles. A decisão foi tomada devido aos estragos que a disseminação do novo coronavírus pode causar nas cadeias de suplementos.

Os medicamentos restritos incluem o paracetamol, um dos analgésicos mais utilizados. Foram impostas restrições semelhantes relativas ao antibiótico metronidazol, várias versões da vitamina B e mais oito produtos medicinais, anunciou o governo indiano, citado pela agência Bloomberg.

“A Índia restringiu a exportação de 26 ingredientes farmacêuticos ativos para exportação, o que representa cerca de 10% de sua capacidade de exportação”, afirmou o comissário da Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos, Stephen Hahn.

Na semana passada, a instituição norte-americana anunciou a escassez de medicamentos relacionados com o coronavírus.

Os fabricantes de medicamentos indianos confiam na China para quase 70% dos ingredientes ativos.

“Mesmo os medicamentos que não são produzidos na China obtêm seus ingredientes básicos lá”, disse o analista do China Market Research Group, Shaun Rein.

A Índia é a fonte de cerca de 20% dos suplementos mundiais de medicamentos genéricos do mundo. Contudo, depende da China para cerca de 66% dos componentes químicos necessários à produção desses fármacos.

Uma análise do governo indiano mostrou que 450 ingredientes de medicamentos podem ser afetados pela contenção de coronavírus na China, que inclui o bloqueio completo da província de Hubei – o centro da indústria farmacêutica do país.

“O setor está inteiramente conectado, de uma forma ou de outra, à China”, afirmou Rajvi Malik, presidente da Mylan NV, uma empresa norte-americana de produtos farmacêuticos.

Malik garantiu que, se o surto persistir, os fornecedores de ingredientes farmacêuticos e outros componentes de medicamentos vão ser afetados. A Mylan NV tenta encontrar alternativas para alguns ingredientes.

‘Escassez aguda’

Em comunicado, o diretor-geral do Comércio Exterior indiano afirmou que “as exportações de API – ingredientes farmacêuticos – e formulações feitas com esses ingredientes vão ser restringidas com efeito imediato”. Contudo, não esclareceu qual a extensão dessas restrições.

A limitação da exportação pode levar a “uma escassez nos próximos dois meses”, disse o presidente do Conselho de Promoção e Exportação de Produtos Farmacêuticos da Índia, Dinesh Dua, citado pela Reuters.

Nos Estados Unidos, as importações indianas representam cerca de 24% dos medicamentos e 31% de ingredientes para medicamentos.

Dua mostrou preocupação com a restrição e declarou que “se o coronavírus não for contido, poderá haver uma escassez aguda” de medicamentos.

Os especialistas afirmam que ainda não é possível perceber de que forma essa restrição vai interferir na disponibilidade dos medicamentos nos países que importam da Índia e dependem da China.

O governo indiano garantiu que existem estoques suficientes para os próximos três meses.

Os fabricantes de medicamentos têm o hábito de manter, para dois ou três meses, o estoque de “ingredientes-chave”. Contudo, com o fechamento das fábricas em Hubei, esse estoque “vai começar a diminuir”, acrescentam os especialistas.

“Se existir potencial escassez de medicamentos críticos, é preciso tomar medidas para garantir que voltem a estar disponíveis para os cidadãos”, afirmou o ex-chefe da unidade indiana da farmacêutica Novartis AG, Ranjit Shahani.

*Emissora pública de televisão de Portugal

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