Cerca de 200 pessoas, segundo os organizadores do evento, participaram da manifestação em apoio às vítimas do atentado no periódico “Charlie Hedbo” no Rio, neste domingo. O grupo saiu da Pedra do Arpoador e caminhou na Avenida Vieira Souto em direção à Praça Nossa Senhora da Paz. As pessoas carregaram bandeiras da França e faixas com os dizeres “Je suis Charlie” (“Eu sou Charlie”) e entonam gritos de ordem, como: “Viva a liberdade, viva a vida!”.

O diplomata francês aposentado Jean Rey, que mora no Brasil há 13 anos, participou da manifestação e contou que ficou muito abalado com a situação em seu país natal. Ele disse que gostaria de ter participado do movimento neste domingo em .

— Espero que a palavra de união seja levada a sério. A França é um país muito dividido, e acho que nenhum presidente francês até agora levou a sério a questão do acolhimento dos imigrantes — comentou Rey.

Para o professor universitário Marcos Cavalcante, que fez doutorado no país europeu, o atentado ultrapassou as fronteiras da França.

— Foi um ataque à liberdade de expressão, algo que as pessoas devem repudiar e se manifestar contra — afirmou Cavalcante.

Para ele, o Brasil é um grande exemplo para o mundo na questão da integração de raças e credos.

 

— No ano passado, um amigo meu francês veio passar o carnaval no Rio e ficou impressionado ao ouvir a marchinha do “Alá lá ô”. Ele contou que nunca viu um lugar no mundo em que as pessoas pudessem cantar isso sem medo — observou o professor.

‘NÃO DEVEMOS CEDER AO PÂNICO'

Já em , 300 pessoas caminharam pela Avenida Paulista até o Consulado Geral da França, também exibindo canetas e cartazes com os dizeres “Je suis Charlie”. Organizada por franceses que vivem na cidade, a manifestação se uniu à marcha contra o terrorismo realizada em Paris. Diante do Consulado, os manifestantes entoaram por duas vezes a “Marselhesa”, hino nacional francês, e fizeram um minuto de silêncio em homenagem aos mortos no ataque ao “Charlie Hebdo” e à um mercado judaico de Paris.

— A caneta mostra que a gente vai continuar a escrever e a desenhar. Queríamos fazer uma demonstração de solidariedade — disse o publicitário Leonel Riviere, que vive no Brasil há pouco mais de um ano e organizou o encontro com os franceses pelas redes sociais: — Minha esperança é de que a gente consiga se manter unido, o que inclui os árabes que vivem na França.

Depois de entoar o hino, o cônsul-geral francês em São Paulo, Damien Loras, pediu um minuto de silêncio “pelas vítimas do terrorismo”. Ao GLOBO, pediu que os brasileiros que vivem na França ou que estejam com viagem marcada ao país não tenham medo.

— Hoje temos um sentimento de alívio, porque os terroristas do ataque foram neutralizados, mas temos um dever de vigilância. Todas as medidas de segurança foram tomadas, e não temos de ceder ao pânico — pediu Loras.

O cônsul adotou um tom de conciliação com a comunidade islâmica que vive na França e disse ser necessário evitar divisões no país.