O filme “Como se Tornar o Pior Aluno da Escola” (2017) foi banido de todas as plataformas de streaming e proibido pelo Ministério da Justiça de ter qualquer exibição veiculada. Se as plataformas não cumprirem a determinação em cinco dias, uma multa diária no valor de R$ 50 mil será aplicada.

Além do Danilo Gentili, roteirista e diretor da obra, Fábio Porchat também se tornou alvo das mesmas acusações. O Ministro da Justiça Anderson Torres compartilhou um trecho do despacho, publicado no Diário Oficial da União desta terça-feira(15), em que determina a retirada.

Nos últimos dias, o longa lançado há cinco anos se tornou alvo de críticas nas redes sociais por suposto incentivo à pedofilia, na visão de muitos internautas, especialmente bolsonaristas. Uma cena em questão chocou quem assistiu. Trata-se do momento em que o personagem de Fábio Porchat aparece tentando “seduzir” dois garotos de 13 anos de idade. 

Em “Como se Tornar o Pior Aluno da Escola”, Porchat interpreta Cristiano, um homem com desvios sexuais e dono do caderno que o ex-colega (papel de Danilo Gentili) roubou na escola para escrever o guia de “pior aluno”. O caderno é encontrado pelos protagonistas adolescentes Pedro (Daniel Pimentel) e Bernardo (Bruno Munhoz).

Na cena mais polêmica, que viralizou no último domingo (13), Cristiano, aparece tentando seduzi-los. Ao mediar um conflito entre os dois, o personagem de Porchat diz: “Vamos esquecer isso tudo, deixar isso de lado? A gente esquece o que aconteceu e, em troca, vocês batem uma punheta pro tio”.

De novo

A cena vem sendo acusada de apologia à pedofilia e, por isso, o Ministério da Justiça determinou a proibição de qualquer exibição do mesmo. Diante disso, Danilo Gentili, que é roteirista e ator do longa, rebateu os comentários negativos ao afirmar que o “maior orgulho de sua carreira é ter conseguido desagradar com a mesma intensidade tanto petista quanto bolsonarista”.

Pelo mesmo motivo, “Como se Tornar o Pior Aluno da Escola” já tinha sido alvo de polêmicas em 2017, assim que foi lançado. A situação foi ressuscitada na neste fim de semana e, desta vez, surtiu efeito, causando a suspensão do mesmo.

“Sátira ao moralismo”

Gentili se explicou sobre a sequência e disse que a cena está sendo tirada de contexto, já que foi o vilão da trama quem propôs a masturbação às crianças, e que se trata de uma “sátira ao moralismo”.

Danilo lembra que, além de não fazer apologia à pedofilia, o filme critica e denuncia o comportamento padrão dos pedófilos: pessoas acima de qualquer suspeita, que dificilmente seriam apontadas como capazes de abusar sexualmente de crianças.

Em entrevista ao UOL, o apresentador do “The Noite” garantiu: “O propósito é óbvio: retratar o vilão como hipócrita e pedófilo. Repito: o vilão. A frase que resume tanto o livro quanto o filme é ‘questione antes de obedecer'. O vilão do filme que comete esse ato abjeto é uma sátira aos que posam de moralistas e politicamente corretos em público mas que escondido fazem essas coisas horríveis”, declarou Danilo.

“O recado da cena é que não importa a sua idade, você deve sempre questionar antes de obedecer uma ordem. Se não tivessem cortado propositadamente a cena antes de compartilhar, daria para perceber com clareza”, concluiu o diretor do filme.