Os Trapalhões: as piadas que não seriam aceitas hoje em dia
Maior sucesso do humor brasileiro, grupo ficou décadas no ar com esquetes polêmicos e inesquecíveis
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Maior sucesso do humor brasileiro, grupo ficou décadas no ar com esquetes polêmicos e inesquecíveis
Nesta sexta-feira (13) completam-se 38 anos desde que o primeiro esquete de Os Trapalhões foi ao ar, sendo exibido pouco antes do Fantástico, em 1977. A partir de então, foram trinta anos de exibição na TV e 21 filmes produzidos no cinema. O quarteto, formado por Didi (Renato Aragão), Dedé (Santana), Zacarias (Mauro Faccio Gonçalves) e Mussum (Antônio Carlos Bernardes Gomes), chegou ao livro Guinness de recordes mundiais como o humorístico que mais tempo ficou no ar.
Sem dúvidas, um dos principais motivos desse sucesso todo foram as piadas simples e, principalmente, politicamente incorretas, em uma época que a ingenuidade do País era maior e seu poder de contestação, consequentemente, menor. Mas e se Os Trapalhões fossem gravados hoje em dia? Abaixo, mostramos cinco acusações que eles teriam que enfrentar:
Racismo
No Brasil de hoje, chamar um negro de macaco, crioulo, negão, urubu, frango de macumba, ou vê-lo cobrir a cara de piche como hidratante para a pele não passaria mais. Com o poder de contestação da sociedade como um todo, piadas do tipo começaram a ser vistas como ofensa por grande parte do público, exigindo um novo direcionamento para os programas de humor.
Alcoolismo
As vítimas de motoristas bêbados no trânsito, as festas de universidades com jovens tendo overdose de tanto beber e o consumo de bebidas por menores provavelmente seria visto como um empecilho para Os Trapalhões encararem o alcoolismo de Mussum como algo engraçado e, em certos casos, até positivo. Nos dias de hoje, as biritas iriam totalmente contra a política do consumo consciente de bebidas alcoólicas.
Homofobia
Ser gay nos Trapalhões era visto como algo ruim, um defeito, uma decepção. Dedé, sempre alvo de suspeita por parte dos amigos, chegou até a apanhar de Didi, Zacarias e Mussum quando eles achavam que o rapaz estava confessando sua homossexualidade ao telefone. Hoje em dia, as manifestações em prol dos direitos LGBTs são uma realidade, fazendo com que o espaço para esse tipo de piada ficasse pequeno, ainda que elas continuem existindo.
Preconceito contra nordestinos
As redes sociais escancararam nas últimas eleições que o preconceito contra o nordestino, em especial, ainda é grande. Nos esquetes dos Trapalhões, se Didi chamava Mussum de crioulo, Mussum chamava de Didi de cabeça chata, cabeça de passar roupa. Até mesmo se referia ao amigo cearense como nordestino de forma pejorativa.
Machismo e sexismo
Outra acusação enfrentada com frequência pelo grupo, o machismo e sexismo eram marca registrada do programa. Em 30 anos de exibição, pouquíssimas (quase nenhuma) vezes Os Trapalhões receberam uma mulher em seus esquetes sem que ela fosse colocada como objeto de desejo sexual, ainda mais quando era bonita. Em época de altos índices de estupros e violência contra a mulher no País, tais piadas não seriam vistas com bons olhos.
Mas era tudo inocente
Acima de tudo, Os Trapalhões eram um reflexo total da sociedade da época, que contestava pouco e encarava problemas sociais, como o preconceito, com ingenuidade. A ideia do esquete trazia o pensamento de que “não é ofensa se a pessoa não se sentir ofendida”. Não se pode dizer que Didi, Dedé, Zacarias e Mussum eram maldosos, pessoas ruins, mas sim ingênuos como o mundo naquele tempo, onde rir de tudo parecia ser o melhor remédio. Os Trapalhões surgiram no tempo certo e são referências, tanto para o bem, como para o mal, dos limites do humor de acordo com sua época.
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