Esqueça a coxinha e a esfirra: o que faz sucesso em Caarapó é linguiça e coxa de frango na estufa
Saiba por que estes alimentos foram parar na estufa e são a preferência de parte dos moradores de Caarapó
Graziela Rezende –
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E daí você chega a uma lanchonete e encontra linguiça, coxa de frango e salsicha, com uma leve casquinha feita artesanalmente. Para quem é de fora, pode até estranhar ao não ver a coxinha e esfirra reinando na estufa, por exemplo, porém, é simplesmente a preferência dos indígenas que moram em Caarapó, a 278 km de Campo Grande.
Instalado na região há 28 anos, o dono do estabelecimento comercial, Joaquim Rodrigues Crispim, de 65 anos, diz que assim que se mudou e “montou” a lanchonete, logo se identificou com o paladar de grande parte dos moradores. “Os indígenas gostam, começaram a pedir desde que comecei aqui e me identifiquei, porque eu vim da roça, sempre comia comida logo cedo”, afirmou ao MidiaMAIS o comerciante.
Conforme Joaquim, o estabelecimento abre entre seis e seis e meia diariamente. “No início abria até mais cedo, mas, eu e minha esposa andamos um pouco mais cansados. E é eu no balcão e ela na cozinha fazendo as coisas. Nós viemos de Paranavaí, no Paraná, tentar a vida aqui e aqui criamos a nossa família. Aqui percebemos que este tipo de alimento é uma tradição para os indígena e, desde então, oferecemos. Sempre tem que ter na estufa”, comentou.
A esposa de Joaquim, a cozinheira Jeni Crispim, de 58 anos, diz que faz tudo com muito carinho, diariamente. “Eu frito a linguiça e depois vou para o frango e a salsicha. Cozinho tudo, escaldo e depois empano, em uma massa de trigo, ovos e temperos que são o meu segredinho. Para quem gosta de chipa, também faço. É muito bom pra tomar com café, então, tem que ter também”, explicou.
Reserva Indígena Tey’i Kuê fica a 12 km de Caarapó
No município de Caarapó, a cerca de 12 km da área urbana, está a Reserva Indígena Tey’i Kuê, sendo esta a terceira reserva demarcada com uma área de aproximadamente 3.500 hectares.
No local, vivem cerca de 700 famílias da etnia guarani, o que equivale a 4 mil pessoas em média. Muitas delas, inclusive, vão diariamente para cidade para trabalhar, enquanto as crianças vão para escola. O nome da reserva significa “aldeia antiga”.
Série especial
O MidiaMAIS conheceu o Joaquim e a Jeni durante a viagem para Japorã, no extremo sul de Mato Grosso do Sul. Nos últimos dias, as reportagens especiais falaram sobre os problemas na aldeia, como violência, moradia, emprego, dificuldades que lideranças da região enfrentam e a cultura dos guarani-ñhandevas.
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