Irmãos de sangue, doador de medula óssea e transplantado participam de maratona juntos em Campo Grande  

Batizados de ‘irmãos de sangue’, eles vão se reencontrar na Capital de Mato Grosso do Sul para participar de uma maratona lado a lado em prol da vida

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Carlos e Dudu são chamados de 'irmãos de sangue'
Carlos e Dudu são chamados de 'irmãos de sangue' (Foto: Arquivo Pessoal)

Você já ouviu o termo ‘irmãos de sangue’?O mês de junho vem acompanhado da cor vermelha para representar a campanha do Dia Mundial do Doação de Sangue, em alusão a importância desse ato para a vida das pessoas. Nada melhor do que iniciar o período com histórias inspiradoras. Carlos Alberto Rezende e Luiz Eduardo Andrade são pessoas completamente diferentes. O primeiro mora em Campo Grande, enquanto o outro no Paraná. Porém, há alguns anos, o destino cruzou a vida de ambos após Luiz Eduardo doar medula óssea para Carlos. Agora batizados de ‘irmãos de sangue’, eles vão se reencontrar na Capital de Mato Grosso do Sul para participar de uma maratona lado a lado em prol da vida.

Quem contou essa história ao MidiaMAIS foi o próprio Carlos. Aos 57 anos, trabalha como biomético e também é formado em biologia. Ele foi fumante por 30 anos, até que foi diagnosticado com uma doença rara chamada Aplasia Medular em setembro de 2015. Apesar de ter recebido muitas doações de sangue, possibilitando que ele voltasse à rotina, o que ele mais necessitava, de fato, era da doação de medula óssea. A notícia veio pouco mais de um ano depois, em novembro de 2016, quando Carlos foi para Jaú (SP) realizar o transplante. Depois disso, sua vida nunca mais foi a mesma.

Carlos ficou 120 dias no hospital
Carlos ficou 120 dias no hospital em recuperação após transplante (Foto: Arquivo Pessoal)

A paixão pelo esporte

A paixão pelo esporte começou quando viu matérias sobre pessoas transplantadas que encontraram no esporte uma missão de vida. Com Carlos foi a mesma coisa. De volta a Campo Grande, se interessou primeiro pela caminhada e corrida, até que participou da Corrida Internacional São Silvestre em 2017.

Em seguida, participou de corridas de rua, foi para jogos americanos, jogos latino-americanos em salto na Argentina, correu em duas edições da São Silvestre, foi para o Mundial de Atletas Transplantados na Inglaterra e fundou os Primeiros Jogos Brasileiros para transplantado em Curitiba, tudo pela ABTX (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos). Realizado por ter conquistado uma ‘segunda chance’, algo ainda estava faltando: conhecer seu doador. Até que, no dia 26 de agosto de 2019 – pleno aniversário de Campo Grande – ele recebeu ligação para conhecer Luiz Eduardo Andrade, de 28 anos e morador do interior paranaense.

De desconhecidos a irmãos de sangue

Assim define Carlos sobre a sua amizade com Luiz Eduardo. Ao MidiaMAIS, o biomético afirma que eles conversam todos os dias e que, inclusive, foi responsável por apresentar o mundo dos esportes ao mais jovem.

“Como os jogos que nós realizamos foram em Curitiba, marcamos de nos conhecer na abertura dos jogos. Na história isso é pouco comum, raro, um doador conhecer seu receptor. Nos apaixonamos mais ainda e não nos largamos nunca mais. Eu apresentei o esporte para ele”, recorda Carlão.

Participantes da São Silvestre em 2021, agora a dupla vai se encontrar novamente em Campo Grande para correr os 21 km da meia maratona oferecida pela Maratona de Campo Grande, realizada em julho. “Tenho com o meu doador, o Dudu, o projeto Irmãos de Sangue. Já fizemos a São Silvestre no ano passado, vamos fazer de novo esse ano, e na Maratona de Campo Grande vamos fazer nossa primeira meia maratona juntos, então vai ser sensacional”, comemora.

Doador e receptdor nunca mais se desgrudaram
Doador e receptdor nunca mais se desgrudaram (Foto: Arquivo Pessoal)

Para Carlos, será uma ótima oportunidade de levar a mensagem de amor aos participantes, de que a doação de sangue e medula óssea, de fato, não apenas salvam vidas, mas unem elas também.

“A gente formou essa dupla e vamos fazer a primeira maratona e levar essa mensagem de amor, porque doação de sangue e medula é amor”, conclui. Antes desconhecidos, hoje Carlos afirma ter conquistado muito mais do que a vida com a doação do Luiz. Ganhou um amigo, um cúmplice e um parceiro de sonhos. Como ele mesmo gosta de definir, encontrou seu irmão de sangue.

Próximos planos

Questionados sobre o que a dupla pretende fazer após o reencontro em Campo Grande, a ideia é continuar propagando a importância do esporte. De 31 de agosto a 1º de setembro, homens vão percorrer o interior do Paraná até Curitiba para abertura do JBTX (Jogos Brasileiros para Transplantados).

“Essa relação de doação não muda só a vida de uma pessoa, muda a das famílias. Modificou a nossa história. Temos essa cumplicidade de levar essa mensagem aonde for, a mensagem do esporte”, conclui Carlos, emocionado.


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