Após Pantanal, Globo quer outra novela em Mato Grosso do Sul para salvar a audiência
Saiba a história e a região de MS que estão no radar de famoso autor de novelas da Globo que quer contar lenda terena em sua próxima trama
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Empolgada com o sucesso do remake de “Pantanal” antes mesmo da novela começar, a TV Globo já prepara outro projeto que também terá Mato Grosso do Sul como cenário.
Conforme divulgado pela colunista Patrícia Kogut em novembro de 2021, Walcyr Carrasco, autor de clássicos como “O Cravo e a Rosa”, “Chocolate com Pimenta” e “Alma Gêmea”, estava sondando o Estado juntamente com a diretora Amora Mautner em busca de locações para seu próximo folhetim.
Agora, alguns meses depois, foi a vez da colunista Carla Bittencourt, do Notícias da TV, revelar mais um pouco sobre essa história. Segundo a jornalista, Carrasco e Amora estão de olho na cultura e nas paisagens de Mato Grosso do Sul para a trama que ele pretende escrever, também para o horário das 21 horas, assim como “Pantanal”. Conforme Carla, a região de Bonito e as crenças do povo indígena Terena estão na mira do autor.
Em especial, a lenda das 700 luas seria o maior interesse de Walcyr para sua nova história. O escritor é considerado um “curinga” da TV Globo por sempre fazer a audiência explodir com seus trabalhos. Já é costume da emissora convocá-lo quando alguns horários enfrentam crises, justamente para fazer o Ibope subir como num passe de mágica. Sua próxima novela é aguardada com fervor e, mais uma vez, ninguém duvida do sucesso, podendo ser usada principalmente para salvar a audiência se “Pantanal” e suas sucessoras não vingarem.
Lenda das 700 luas
Que história é essa que está inspirando a nova novela de Walcyr Carrasco? Você conhece ou já ouviu falar na lenda das 700 luas, da tribo Terena, em Mato Grosso do Sul? A lenda é sobre Cacai, a mais bonita de todas as jovens terenas e “explica” de forma fantasiosa as águas cristalinas do Rio Formoso, em Bonito.
“Cacai pertencia a uma tribo localizada próxima à Gruta do Lago Azul, mas guerreiros de todas as tribos já haviam ouvido falar dela e de seus encantos. Havia muitos pretendentes e admiradores.
O jovem cacique daquela tribo resolveu que chegara o momento de arrumar uma companheira. Escolheu Cacai. Seguindo a tradição, convidou-a para o pacto das 700 luas. O noivo e a noiva faziam um trato de que durante 700 luas iriam se conhecer e em seguida decidiriam quanto às núpcias. A decisão era soberana e livre como cabia a todos os terenas (homem ou mulher).
A negativa era aceita com naturalidade e com respeito por toda a tribo. Se a decisão fosse pelo casamento o pacto era consumado num ritual de amor e fidelidade eterna. O ritual era realizado no interior da Gruta do Lago Azul, onde eram pronunciadas as palavras mágicas que só os velhos terenas conheciam. A decisão era a coisa mais importante na vida de um terena. Não podia haver erro. A união era indissolúvel, nem a morte os separavam. Acreditava-se na existência de uma alma imortal.
Transcorria o namoro de Cacai com o jovem chefe da tribo, como era do costume daquela gente, mas o “deus do destino”, que coloca os sentimentos no coração das pessoas, tinha outros planos para Cacai.
Certo dia caiu prisioneiro daquela tribo um guerreiro estrangeiro. Tinha a pele clara e carregava nos olhos um brilho que Cacai jamais vira. Os seus cabelos castanhos apresentavam mechas brancas revelando que aquele guerreiro forte e ágil era quase um ancião. Cacai cuidou de seus ferimentos, ensinou-lhe a sua língua, conquistou a sua alma e… descobriu que ele era o verdadeiro amor de sua vida.
Quando se passaram as 700 luas, a resposta de Cacai foi de que não se casaria com o chefe da tribo. Ele, inconformado e enfurecido, obrigou a realização do ritual, contrariando a sagrada tradição terena. O pacto foi realizado e, para desespero de Cacai, as palavras mágicas foram pronunciadas. Não havia mais esperanças para Cacai e seu amado. Qualquer mulher que quebrasse o sagrado juramento tinha o seu coração transpassado por uma flecha terena. Cacai sabia disso, mas sabia também que devia obediência ao valor supremo do amor. Curvou-se a ele.
Naquele mesmo dia fugiram numa canoa, descendo o Rio Formoso. O cacique reuniu seus guerreiros e cumpriu-se a maldição. O sangue de Cacai e seu amado foram tornando a água do Formoso cada vez mais limpa e a última gota foi derramada. Todo o rio e até seus afluentes estavam com a água cristalina e transparente como fora o coração de Cacai.
Naqueles dias em que parece que o vento parou e apenas uma leve brisa penetra a solidão e a flor do ipê fica mais colorida. Quando a água sombria do Lago fica mais azul e se torna alegre com um pássaro solitário que vem refrescar suas penas e cortejar o perfume duma Cacai que nossos olhos não veem, mas que lá está. Num dia assim tão especial, quando o Poeta vem colher, numa canção, aquela outra messe que os campos produzem. Nesses dias é possível ouvir os sussurros de amor de Cacai e do seu amado imortal.
Está lá no fundo da gruta, está nas cachoeiras, no fundo das águas do rio, está em todo o lugar… é só prestar atenção”.
(Autor Desconhecido)
Interessado
Vale lembrar que Walcyr Carrasco já explorou a temática indígena em sua novela de maior sucesso, “Alma Gêmea” (2005), atualmente em reprise pelo Canal VIVA. A protagonista Serena era de uma etnia fictícia e sua aldeia tinha como cenário as regiões de Bonito.
A Gruta do Lago Azul foi amplamente explorada na trama; a índia Serena via nas águas cristalinas a rosa branca que guiaria seu destino. A cena final da novela, inclusive, foi ambientada na Gruta, quando todas as encarnações dos protagonistas foram exibidas nesse cenário.
Agora, 17 anos depois, Walcyr Carrasco desperta novamente seu interesse tanto por MS, quanto pelos indígenas. Desta vez, focando no povo Terena e na lenda mencionada acima.
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