Após 11 meses, homenagem marca reencontro entre médicos e motociclista que quase morreu

Gutemberg se envolveu em um acidente gravíssimo, em janeiro deste ano. Agora, parte da equipe que o salvou foi homenageada, em Campo Grande.

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Médicos, Moisés e Fabiano, com Gutemberg. Foto: Renan Nucci/Arquivo Pessoal

Gutemberg Macedo Maidana, de 23 anos, é alguém que pode afirmar, categoricamente, que “nasceu de novo” em 2022. No primeiro mês deste ano, quando saiu de moto para pegar o celular de um cliente, se envolveu em um acidente gravísismo na Avenida Marquês de Pombal. Após 11 meses, o caso ainda deixa muitos boquiabertos, considerando milagre a recuperação e agora o reencontro com alguns dos médicos que o atenderam.

O jovem contou, em entrevista exclusiva ao Midiamax, que estava na avenida, quando algum motorista não parou na placa de Pare e o atingiu. “Eu só sei que fui internado, fui para o CTI [Centro de Terapia Intensiva] e tive cinco paradas cardíacas, quase morri. Mas, voltei graças a Deus e hoje em dia estou bem, me recuperando”, contou.

Só que, muito diferente deste cenário, foi a maneira que o médico Moisés Soares da Silva Neto, intervencionista do Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência), o encontrou. “Ele tinha inúmeros ferimentos, era algo sério e que precisou de muita agilidade. Quando chegamos, vi ele caído de barriga para baixo, com a cervical estendida e a moto dele, de alta cilindrada, em cima dele. Com isso, tinha gasolina derramada junto com sangue e ele inconsciente, de capacete”, relembrou.

Na sequência, o médico diz que tirou a moto e constatou que o jovem ainda estava vivo. “Nós o viramos de forma a preservar a coluna e aí percebemos que a perna esquerda estava praticamente amputada. Nisso, continuava muito sangue no rosto saindo da boca, nariz, junto com aquela poça de gasolina. Era um cenário catastrófico e aí levamos ele para ambulância, principalmente porque muitos curiosos ali e logo fizemos a entubação”, contou.

‘Sem falso moralismo, acredito que Deus o salvou’, opina médico

Desta forma, Moisés diz que o enfermeiro plantonista alinhou a perna e aí começaram a dar medicamentos, com a intenção de proteger o cérebro do trauma. “Seguimos para o hospital e já entrei em contato com o residente em neurocirurgia, dizendo que estava lá com um paciente muito grave. Mantivemos a prioridade, da via aérea e da perna, porque ele poderia morrer sangrando e estava com fraturas, vários ossos. É algo grave, que muitos não conseguem sobreviver e, sem falso moralismo, acredito que Deus o salvou”, opinou.

Atuando há dois anos no Samu, Moisés recebeu uma homenagem na noite desta segunda-feira (19), na Câmara Municipal de Campo Grande. “Foi bom demais reencontrar o Gutemberg e ver ele se recuperando. Nós pegamos casos de todos os tipos, alguns envolvendo crianças e são poucas as vezes em que temos este retorno. Fazemos o nosso e vamos embora para casa, mas, vejo esta homenagem com muita gratidão, não só por parte dele como da família. É importante, dá um ânimo para o nosso serviço diário”, avaliou.

Gutemberg com a família e médicos que o salvaram. Foto: Renan Nucci/Arquivo Pessoal
Gutemberg com a família e médicos que o salvaram. Foto: Renan Nucci/Arquivo Pessoal

A mãe do jovem, Aldivina de Fatima Araújo Macedo Maidana, fala que os médicos que atenderam o filho dela foram muito capacitados, bem como a tia do rapaz, a enfermeira Daniela Fabricia Araújo Pereira, que inclusive trabalha na Santa Casa e assistiu a avaliou inúmeros exames.

“A situação dele era delicada e extremamente sensível. No caso dele, houve uma mistura de razão e emoção da minha parte. Pensava nas sequelas caso sobrevivesse, vi tomografias incompatíveis com a vida, mas, não desanimei. Até hoje, quando ele precisa voltar, falo pra todo mundo dar uma atenção especial para o Gutinho”, brincou.

Médico que operou ‘Gutinho’ fala que sempre vai lembrar dele

O outro médico, que operou Gutemberg, é Fabiano Serafim dos Santos, da equipe de Neurocirurgia da Santa Casa. “O quadro dele era gravíssimo, era o quadro de um politraumatizado, com hematomas comprimindo parte do cérebro e fazendo inchar, além do extravazamento do liquor, que é o líquido que protege o cérebro. Ele tinha perdido alguns reflexos também, mas, recebi o prognóstico de excelência do dr. Moisés e preparamos a sala para o atendimento necessário”, relembrou.

Em seguida, outros médicos passaram a colaborar com o caso e houve todo o tratamento neurointensivo. “É algo que demora muito para responder, é um tratamento com terapias e é a longo prazo. Todo mundo ficou de olho nele e isso cullminou no sucesso que a gente vê hoje. Para mim, é uma alegria imensa, fico com o coração repleto de gratidão. Gutemberg está alegre, funcional e sempre o vi animado na Santa Casa, mesmo com o mínimo de consciência. E receber essa homenagem, ao lado da família dele, faz o ano de 2022 ser muito especial. Sempre vou me lembrar disto”, finalizou.

Sessão solene

As homenagens foram feitas na Câmara Municipal de Campo Grande, na sessão solene de outorga da Medalha Legislativa Dr. William Maksoud, alusiva à comemoração do Dia do Médico. As homenagens foram feitas no Plenário Oliva Enciso, na sede da Casa de Leis.

A honraria foi instituída por meio da Lei n. 1.386/72 e da Resolução n. 1.221/16, como forma de reconhecimento.

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