Oscar de Leo DiCaprio e os índios de MS têm mais a ver do que você pensa
Ator fez da vitória do Oscar um ato político
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Ator fez da vitória do Oscar um ato político
Finalmente o ator Leonardo DiCaprio conquistou seu Oscar, quebrando um jejum de cinco indicações ao prêmio máximo do cinema. Mas, a vitória do ator deu voz a muito mais que seu talento. Publicamente defensor dos direitos humanos, de intervenções governamentais em defesa das questões climáticas e dos direitos de povos indígenas, o discurso de vitória de DiCaprio contemplou exatamente este tema.
E num contexto em que ‘povos indígenas’ são palavras-chave da cultura sul-mato-grossense, uma liderança indígena do Estado, Marcos Terena, atualmente radicado em Brasília a serviço da Funai (Fundação Nacional do Índio), é quem mais tem propriedade de falar sobre o discurso de Leo DiCaprio: em 2014, durante uma manifestação às vésperas da Cúpula do Clima, conferência realizada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em Nova Iorque, Marcos Terena puxou uma marcha pela ruas da cidade. “Quando de repente veio aquele rapaz para o meu lado, dizendo para mim que queria marchar com a gente, porque também era militante dos direitos indígenas. Tirou foto e tudo mais”. Adivinha quem era…
A partir de então, criou-se um vínculo entre os militantes. “Não que tenhamos sentado meia hora e batido aquele papo, tornado-nos amigos, não é isso. Mas, em nossos breves encontros, conversamos muito sobre a luta dos povos indígenas e ele declarou que é solidário a nossa causa. Esse é um aspecto da solidariedade pelo bem comum que ele incorporou bem”. Apoia tanto, a propósito, que destinou recentemente US$ 3,4 milhões de sua fortuna para povos indígenas em defesa da Amazônia, a serem geridos pelo governo do Equador.
“É muito importante ter o apoio de uma pessoa como ele para abrir a conversa, dar visibilidade. Seja em Mato Grosso do Sul, no Brasil ou no mundo, os povos indígenas passam por problemas graves. E o Leonardo DiCaprio é uma pessoa que, quando exercita o papel de ator, dá voz às minorias. Ele ter apoiado publicamente os povos indígenas do mundo foi muito importante, deu visibilidade. E isso tudo também ajuda a compreender melhor a camaradagem, as alianças entre o índio e o não-índio, na defesa desse bem comum, como acabou ele fazendo algumas vezes”.
No último encontro entre Terena e DiCaprio, em maio de 2015, durante uma convenção de questões indígenas realizada anualmente na sede da ONU em Nova Iorque, o líder indígena destaca uma possível aliança permanente, não só com indígenas do Brasil, mas de todo o mundo. “Cheguei a convidá-lo para os Jogos Indígenas Mundiais, que aconteceram em outubro de 2015, em Palmas, mas ele não pode vir por conta do aniversário da ONU. Então, estamos articulando para ele comparecer nos jogos de 2017, no Canadá”. Uma nova edição do Fórum Indígena acontece de 9 a 20 de maio deste ano, também na sede da ONU, e Marcos Terena é presença confirmada. “Possivelmente nos encontremos de novo e vou reforçar o convite”, conclui.
Oscar e política
Desde o princípio vencedores do OScar usam os discursos de vencedores como atos políticos, tal qual DiCaprio fez. Em 1973 o ator Marlon Brando era o favorito para o Oscar de melhor ator por sua interpretação de Vito Corleone, no filme ‘O Poderoso Chefão’. Como era de se esperar, a indicação se confirmou em prêmio, mas Brando o recusou. Aliás, não só recusou como mandou uma ativista de origem indígena americana recusa-lo publicamente. Durante a premiação, ela leu um discurso do ator em prol da inclusão de índios americanos em papéis de destaque na TV e cinema estadunidenses, razão da recusa. Uma versão ampliada do texto foi divulgada a imprensa e alguns dias depois o jornal The New York Times publicou-a na íntegra.
Já em 2003, o diretor Michael Moore também protagonizou outro momento político marcante durante uma das edições do Oscar. “Vergonha, senhor Bush, vergonha”, disse ele ao então presidente estadunidense, ao conquistar o Oscar de ‘Melhor Documentário’ com ‘Tiros em Columbine’. Moore completou seu discurso dizendo que gosta de documentários, mas que vivia “em tempos fictícios, com eleições com resultados fictícios e com o país entrando em uma guerra por motivos fictícios”, referindo-se a Guerra do Iraque. Moore ainda foi vaiado (e aplaudido) pelo público ao descer do palco.
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