Com mistérios, vestidos e feridas, ‘O Corpo e a Veste’ debuta na Galeria de Vidro
Exposição segue até abril, com entrada gratuita
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Exposição segue até abril, com entrada gratuita
Fruto de uma pesquisa de mais de 15 anos, a exposição ‘O Corpo e a Veste’, do artista campo-grandense Jó Aquino, é mais que quadros pendurados na parede, é um retrato misterioso das mazelas do corpo num anteparo pouco convencional – a roupa, utilizada justamente para cobrir as vergonhas e as marcas da pele. Com essa proposta, o artista recorre de técnicas mistas de pintura e convida o espectador a desafiar o imaginário, romper com o lúdico visível e enxergar uma verdade às vezes dolorosas por trás das vestes que preenchem as telas.
A proposta de Jó Aquino está escondida nas dobras e franjas dos vestidos, que inicialmente ambientam o salão com uma proposta lúdica e fantasiosa. Para o artista, entretanto, eles representam o inconsciente psicológico do sentimento humano e, a através de um recurso de simbologias, propõe que as intervenções nas vestes representem os estigmas e as feridas do corpo humano. Uma transposição do tecido para a carne, uma transcendência dos ferimentos da pele para o pano.
Segundo Aquino, o embrião da exposição nasceu em 2001, quando foi desenvolvendo e acrescentando anotações e observando obras de outros artistas com propostas de representação. “Depois desenvolvi um trabalho que é um processo de expressão, que nasce no lúdico e termina no significado real. Foi algo que veio naturalmente”, revela Aquino. “Fui desenvolvendo a ideia de recorrer à roupa, ao tecido, como uma representação do corpo”.
A obra, de caráter inegavelmente polissêmico, utiliza técnicas simples de pintura, mas mistura os pigmentos da tinta acrílica com elementos orgânicos como barro, poeira e areia. “Minha técnica é simples e acho que até mesmo primitiva. Mas é importante a mistura com o orgânico para fazer algum tipo de textura que representará as feridas que vão aparecer no tecido”, explica.
Jó Aquino é professor-artista, como ele mesmo descreve. Formado em Artes Visuais pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), teve a primeira exposição em 1995 e considera que desde aquela época desenvolve um trabalho rodeado por mistérios e enigmas. “A sensibilidade permeia meu trabalho. Proponho a percepção da dor, do sentimento, das angustias, as mazelas humanas, em choque com o lúdico, que são vestidos de garotas, das fabulas, da fantasia, da Dorothy de ‘O Mágico de Oz’ e de ‘Alice no Páis das Maravilhas’”.
A exposição tem início nesta sexta-feira (4), logo mais, às 19h30, na Galeria de Vidro da Plataforma Cultural, em Campo Grande, e segue até abril, com entrada gratuita. São, ao todo, 15 telas da série ‘veste’, produzidas entre 2014 e 2015. Na ocasião o artista Thiago Silva Moraes apresentará a performance ‘VACU-O’, que aborda as relações de consumo e suas intenções na formação de identidade do indivíduo.
Serviço – Exposição ‘O Corpo e a veste’, de Jó Aquino. Na Galeria de Vidro da Plataforma Cultural (Avenida Calógeras com Avenida Mato Grosso). Abertura nesta sexta-feira (4), às 19h30. A exposição segue até 02 de abril (terças e quintas: das 08h às 11h e das 13h às 18h. Quartas e sextas: até as 20h. Aos sábados: das 16h as 21h). Entrada gratuita. Outras informações pelo (67) 9242-1195.
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